12.04.2013 Views

Relatório do Desenvolvimento Humano de Timor Leste, 2002

Relatório do Desenvolvimento Humano de Timor Leste, 2002

Relatório do Desenvolvimento Humano de Timor Leste, 2002

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

iv<br />

Mensagem <strong>do</strong> Representante Especial <strong>do</strong><br />

Secretário-Geral das Nações Unidas<br />

O Secretário-Geral das Nações Unidas,<br />

Kofi Annan, <strong>de</strong>screveu as concepções que<br />

estão por <strong>de</strong>trás <strong>do</strong> <strong>Relatório</strong> <strong>do</strong><br />

<strong>Desenvolvimento</strong> <strong>Humano</strong> como<br />

"reflectin<strong>do</strong> a profunda convicção <strong>de</strong> que<br />

o que importa no <strong>de</strong>senvolvimento não são<br />

as quantida<strong>de</strong>s produzidas mas a qualida<strong>de</strong><br />

da vida vivida pelos seres humanos".<br />

Na sequência da violência avassala<strong>do</strong>ra<br />

<strong>de</strong>spoletada pelo voto maciço a favor da<br />

in<strong>de</strong>pendência em 30 <strong>de</strong> Agosto <strong>de</strong> 1999,<br />

o povo <strong>de</strong> <strong>Timor</strong> <strong>Leste</strong> viu a sua pátria<br />

completamente arruinada e com poucas<br />

escolhas em termos da sua qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida.<br />

Foram confronta<strong>do</strong>s com a <strong>de</strong>struição física<br />

<strong>de</strong> gran<strong>de</strong> parte <strong>do</strong> país, uma perda significativa<br />

<strong>de</strong> vidas, violações e assaltos,<br />

<strong>de</strong>slocações maciças da população, o colapso<br />

total da economia e a <strong>de</strong>struição ou<br />

remoção da maioria da sua herança cultural<br />

e memória institucional. Todas as instituições<br />

<strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> entraram em colapso–<br />

administrativa e fisicamente. A reconstrução,<br />

em to<strong>do</strong>s os <strong>do</strong>mínios, teve <strong>de</strong> começar<br />

literalmente <strong>do</strong> zero.<br />

As Nações Unidas respon<strong>de</strong>ram estabelecen<strong>do</strong><br />

a Administração Transitória das<br />

Nações Unidas em <strong>Timor</strong> <strong>Leste</strong><br />

(UNTAET), com um mandato <strong>de</strong> autorida<strong>de</strong><br />

governamental sem prece<strong>de</strong>ntes na sua<br />

amplitu<strong>de</strong>. À UNTAET foi dada a responsabilida<strong>de</strong><br />

pela segurança, lei e or<strong>de</strong>m, estabelecimento<br />

<strong>de</strong> uma administração eficaz,<br />

<strong>de</strong>senvolvimento <strong>do</strong>s serviços sociais, fornecimento<br />

<strong>de</strong> ajuda humanitária, apoio à<br />

formação <strong>de</strong> capacida<strong>de</strong>s para um governo<br />

autónomo e a assistência na criação <strong>de</strong><br />

condições para o <strong>de</strong>senvolvimento sustentável.<br />

Enquanto que a UNTAET foi bem<br />

sucedida em alguns aspectos <strong>do</strong> seu mandato,<br />

noutros aspectos experimentámos fracos<br />

resulta<strong>do</strong>s; penso que estes <strong>do</strong>is últimos<br />

anos e meio nos proporcionaram uma experiência<br />

com lições para to<strong>do</strong>s.<br />

Na sequência da nossa tarefa mais imediata—a<br />

rápida melhoria da situação, o fim<br />

da crise humanitária e a estabilização da situação<br />

<strong>de</strong> segurança—, a UNTAET teve<br />

<strong>de</strong> iniciar um <strong>do</strong>s seus <strong>de</strong>safios mais<br />

dispendiosos e mais mal <strong>de</strong>fini<strong>do</strong>s nos seus<br />

contornos: estabelecer instituições <strong>de</strong> governo<br />

e <strong>de</strong> administração pública ao mesmo<br />

tempo que apoiava a criação <strong>de</strong> capacida<strong>de</strong>s<br />

<strong>de</strong> governo próprio e <strong>de</strong> condições<br />

para o <strong>de</strong>senvolvimento sustentável. É simultaneamente<br />

uma <strong>de</strong>sculpa e um facto a<br />

constatação <strong>de</strong> que não nos foi da<strong>do</strong> nenhum<br />

plano escrito e bem <strong>de</strong>fini<strong>do</strong> sobre<br />

como levar a cabo estas tarefas altamente<br />

complexas.<br />

Politicamente, a UNTAET <strong>de</strong>finiu e<br />

executou uma <strong>de</strong>volução gradual <strong>do</strong> po<strong>de</strong>r<br />

executivo e legislativo aos timorenses,<br />

uma tarefa que tem si<strong>do</strong> um <strong>de</strong>safio não<br />

sem dificulda<strong>de</strong>s. Isto significou manter uma<br />

relação em constante evolução entre a<br />

UNTAET e as recém-estabelecidas instituições<br />

governamentais. Isto levou-nos <strong>de</strong> um<br />

processo meramente <strong>de</strong> consulta (com o<br />

Conselho Consultivo Nacional), passan<strong>do</strong><br />

pelo Primeiro Gabinete <strong>de</strong> Transição—<br />

compreen<strong>de</strong>n<strong>do</strong> timorenses e membros<br />

internacionais—, ao estabelecimento <strong>de</strong> um<br />

corpo proto-legislativo, o Conselho<br />

Nacional, integralmente constituí<strong>do</strong> por<br />

<strong>Timor</strong>enses. Veio <strong>de</strong>pois a transformação<br />

das instituições governamentais <strong>de</strong> nomeadas<br />

em eleitas: as eleições para a Assembleia<br />

Constituinte, um processo totalmente assumi<strong>do</strong><br />

por timorenses <strong>de</strong> redacção e a<strong>do</strong>pção<br />

da Constituição, um Segun<strong>do</strong> Gabinete<br />

<strong>de</strong> Transição constituí<strong>do</strong> inteiramente por<br />

ministros timorenses, uma eleição presi<strong>de</strong>ncial<br />

e a já iminente in<strong>de</strong>pendência no dia 20<br />

<strong>de</strong> Maio. É um percurso notável, apesar <strong>de</strong><br />

alguns <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>rem (e alguns já o fizeram)<br />

que se <strong>de</strong>veria ter anda<strong>do</strong> a um ritmo mais<br />

acelera<strong>do</strong>. Nós, UNTAET e os timorenses,<br />

fomos os pioneiros: os sucessos e os erros<br />

foram nossos.<br />

Simultaneamente, a UNTAET <strong>de</strong>senvolveu<br />

esforços para estabelecer as instituições<br />

da administração pública e <strong>de</strong> governo. Este<br />

processo tem si<strong>do</strong> dificulta<strong>do</strong> pelos imperativos,<br />

conflituosos entre si, da velocida<strong>de</strong><br />

vs. consulta; <strong>de</strong> uma obtenção <strong>de</strong> resulta-

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!