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Relatório do Desenvolvimento Humano de Timor Leste, 2002

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<strong>de</strong>cisão sobre se estas se <strong>de</strong>verão basear<br />

num sistema fecha<strong>do</strong> em que as pessoas<br />

escolhem o serviço público como carreira<br />

para toda a vida ou um sistema mais aberto,<br />

em que as pessoas se movimentam entre<br />

os sectores público e priva<strong>do</strong>. O resulta<strong>do</strong><br />

mais provável será uma combinação<br />

pragmática entre os <strong>do</strong>is sistemas.<br />

Em qualquer <strong>do</strong>s casos, contu<strong>do</strong>, o governo<br />

terá que pagar salários a<strong>de</strong>qua<strong>do</strong>s.<br />

Actualmente o salário anual <strong>de</strong> um funcionário<br />

público <strong>de</strong> nível quatro é <strong>de</strong> cerca <strong>de</strong><br />

$1.900. Este é cinco a seis vezes o valor <strong>do</strong><br />

PIB per capita e é razoável para um país<br />

cujo orçamento <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> quase na totalida<strong>de</strong><br />

<strong>do</strong> apoio <strong>do</strong>s <strong>do</strong>a<strong>do</strong>res. Quanto à questão<br />

<strong>de</strong> ser sustentável a longo prazo, a dúvida<br />

fica em aberto.<br />

A priorida<strong>de</strong> imediata, contu<strong>do</strong>, <strong>de</strong>verá<br />

ser atrair o maior número possível <strong>de</strong> pessoal<br />

forma<strong>do</strong> <strong>de</strong> <strong>Timor</strong> <strong>Leste</strong> para os serviços<br />

governamentais. Os da<strong>do</strong>s <strong>do</strong> perío<strong>do</strong><br />

pré-in<strong>de</strong>pendência indicam que cerca <strong>de</strong><br />

1.233 cidadãos timorenses tinham formação<br />

ou um diploma—mestra<strong>do</strong>, licenciatura,<br />

bacharelato ou diploma <strong>de</strong> conclusão<br />

<strong>do</strong> ensino secundário. No entanto, o governo<br />

irá enfrentar uma concorrência feroz<br />

por parte das ONGs, das Agências da<br />

ONU e <strong>do</strong>s projectos internacionais <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>senvolvimento.<br />

As ONGs têm já directrizes <strong>de</strong>finidas<br />

para os salários e condições para os funcionários<br />

que empregam em <strong>Timor</strong> <strong>Leste</strong> mas<br />

ten<strong>de</strong>m a respeitar mais estas condições nos<br />

níveis inferiores. Para o pessoal profissional<br />

e <strong>de</strong> gestão parecem pagar salários mais eleva<strong>do</strong>s<br />

<strong>do</strong> que os indica<strong>do</strong>s nas directrizes—<br />

<strong>de</strong>svian<strong>do</strong> muitas das pessoas que <strong>de</strong> outra<br />

forma estariam a trabalhar para o governo.<br />

Ética <strong>de</strong> trabalho e competência<br />

O salário e as condições <strong>de</strong> trabalho durante<br />

a administração in<strong>do</strong>nésia não encorajavam<br />

uma ética <strong>de</strong> trabalho forte. Os<br />

funcionários trabalhavam poucas horas e<br />

não lhes era dada muita responsabilida<strong>de</strong>.<br />

O novo funcionalismo público terá que trabalhar,<br />

<strong>de</strong> uma forma eficaz, pelo menos<br />

37,5 a 40 horas semanais <strong>de</strong> trabalho concreto.<br />

Um salário melhor <strong>de</strong>verá permitir<br />

às pessoas valorizar mais os seus trabalhos<br />

e assegurar que empregam a sua total <strong>de</strong>dicação<br />

a cumpri-lo. Mas po<strong>de</strong>rão também<br />

ser ajuda<strong>do</strong>s através <strong>de</strong> treino e<br />

acompanhamento.<br />

CONSTRUINDO UMA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA EFICAZ<br />

Relacionada com a questão da competência<br />

está a capacida<strong>de</strong> para agir rapidamente<br />

e <strong>de</strong> forma <strong>de</strong>cidida. O sistema hierárquico<br />

inculca<strong>do</strong> durante o perío<strong>do</strong><br />

in<strong>do</strong>nésio tendia a <strong>de</strong>struir a auto-estima <strong>do</strong>s<br />

funcionários e a sua capacida<strong>de</strong> para tomar<br />

iniciativas. Mais <strong>do</strong> que trabalhar na base <strong>de</strong><br />

orientações gerais, tipicamente tinham a<br />

necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> instruções muito específicas<br />

para levar a cabo uma certa tarefa. Este é<br />

outro assunto a ser aborda<strong>do</strong> no âmbito<br />

<strong>do</strong> <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> capacida<strong>de</strong>s.<br />

O estatuto social é importante em <strong>Timor</strong><br />

<strong>Leste</strong> e terá que ser leva<strong>do</strong> em linha <strong>de</strong> conta<br />

também na administração pública. Grupos<br />

diferentes têm a sua própria or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> classificação—quer<br />

<strong>de</strong>ntro <strong>do</strong> grupo quer entre<br />

eles. Entre estes grupos contam-se os<br />

regressa<strong>do</strong>s da diáspora, os guerrilheiros da<br />

libertação, os antigos funcionários públicos<br />

e a Igreja. Também as pessoas, em geral,<br />

têm os seus próprios sistemas <strong>de</strong> estatuto<br />

social e <strong>de</strong> classificação. Uma pessoa com<br />

um estatuto social mais baixo po<strong>de</strong>rá ter<br />

mais capacida<strong>de</strong> e habilida<strong>de</strong> <strong>do</strong> que alguém<br />

<strong>de</strong> estatuto superior mas não ficaria à vonta<strong>de</strong><br />

para a supervisionar.<br />

Língua<br />

Os timorenses falam, entre eles, cerca <strong>de</strong><br />

30 línguas ou dialectos. As línguas 'nativas'<br />

mais faladas são o Mambae e o Macassae<br />

mas a língua franca nacional é a variante <strong>de</strong><br />

Dili <strong>do</strong> tetum (tetum ‘praça’) que incorpora<br />

muitas palavras tiradas <strong>do</strong> português juntamente<br />

com umas quantas, muito menos,<br />

<strong>do</strong> in<strong>do</strong>nésio. O Inquérito às Famílias <strong>de</strong><br />

2001 concluiu que 82% da população falava<br />

tetum, ao passo que 43% conseguia falar<br />

in<strong>do</strong>nésio. Apenas uma pequena proporção,<br />

principalmente pessoas mais velhas e a comunida<strong>de</strong><br />

<strong>do</strong>s que estiveram exila<strong>do</strong>s, falava<br />

português, enquanto que uma proporção<br />

ainda menor falava inglês (gráfico 2.1).<br />

A Constituição <strong>de</strong> <strong>Timor</strong> <strong>Leste</strong> <strong>de</strong>clara<br />

que as línguas oficiais <strong>de</strong>verão ser o tetum e<br />

o português enquanto que, simultaneamente<br />

e 'enquanto se achar necessário', o<br />

in<strong>do</strong>nésio e o inglês <strong>de</strong>verão ser línguas<br />

adicionais <strong>de</strong> trabalho na administração<br />

pública.<br />

As duas línguas oficiais têm forças e fraquezas<br />

complementares. O tetum tem a<br />

vantagem <strong>de</strong> ser largamente fala<strong>do</strong> mas até<br />

muito recentemente, quan<strong>do</strong> a Igreja Católica<br />

começou a escrevê-la por questões<br />

A priorida<strong>de</strong><br />

imediata <strong>de</strong>verá<br />

ser atrair o<br />

maior número<br />

possível <strong>de</strong><br />

pessoal forma<strong>do</strong><br />

para os serviços<br />

governamentais<br />

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