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Relatório do Desenvolvimento Humano de Timor Leste, 2002

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um esta<strong>do</strong> <strong>de</strong>mocrático unitário, basea<strong>do</strong><br />

no prima<strong>do</strong> da lei e no princípio da separação<br />

<strong>de</strong> po<strong>de</strong>res. Os órgãos representativos<br />

serão eleitos através <strong>de</strong> sufrágio directo<br />

e universal.<br />

A Constituição estabelece os papéis <strong>do</strong><br />

Presi<strong>de</strong>nte da República, que é simultaneamente<br />

o Comandante-chefe das Forças<br />

Armadas, <strong>do</strong> Primeiro- Ministro (que chefiará<br />

um conselho <strong>de</strong> ministros) e <strong>do</strong> Parlamento.<br />

Isto preparou o caminho para as<br />

eleições presi<strong>de</strong>nciais em Abril e para a in<strong>de</strong>pendência<br />

completa em 20 <strong>de</strong> Maio <strong>de</strong><br />

<strong>2002</strong>.<br />

Sistema <strong>de</strong> governo<br />

<strong>Timor</strong> <strong>Leste</strong> escolheu um sistema <strong>de</strong> governo<br />

semi-presi<strong>de</strong>ncialista—com um equilíbrio<br />

<strong>de</strong> po<strong>de</strong>res entre o Presi<strong>de</strong>nte e o<br />

Parlamento. Embora o Presi<strong>de</strong>nte tenha o<br />

po<strong>de</strong>r último para dissolver o Parlamento,<br />

na prática a maior parte <strong>do</strong> po<strong>de</strong>r executivo<br />

ficará nas mãos <strong>do</strong> Primeiro-Ministro, que<br />

tomará <strong>de</strong>cisões colectivamente com o conselho<br />

<strong>de</strong> ministros. Inevitavelmente, isto significará<br />

a existência <strong>de</strong> compromissos<br />

entre as priorida<strong>de</strong>s <strong>do</strong>s diferentes ministérios<br />

e <strong>de</strong>partamentos, os quais irão competir<br />

em conjunto por recursos limita<strong>do</strong>s.<br />

Qualquer sistema parlamentar exige também<br />

gran<strong>de</strong> envolvimento <strong>do</strong>s <strong>de</strong>puta<strong>do</strong>s,<br />

que têm um papel crucial na criação <strong>de</strong> uma<br />

<strong>de</strong>mocracia saudável. Por um la<strong>do</strong> terão que<br />

apoiar e legitimar o seu parti<strong>do</strong> e o governo.<br />

Por outro la<strong>do</strong> terão que servir os interesses<br />

<strong>do</strong>s seus representa<strong>do</strong>s.<br />

O governo também terá que <strong>de</strong>ixar espaço<br />

suficiente para as vozes da oposição,<br />

em particular se o parti<strong>do</strong> <strong>do</strong> governo,<br />

mesmo quan<strong>do</strong> eleito através <strong>de</strong> um sistema<br />

<strong>de</strong> representação maioritária, ganhar<br />

com larga maioria.<br />

Durante os primeiros meses da in<strong>de</strong>pendência,<br />

os <strong>de</strong>puta<strong>do</strong>s terão um gran<strong>de</strong> volume<br />

<strong>de</strong> trabalho, relaciona<strong>do</strong> com a gran<strong>de</strong><br />

quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> nova legislação. Eles terão<br />

que ficar rapidamente familiariza<strong>do</strong>s<br />

com tarefas como a análise orçamental e<br />

legislação e perceber como funcionam os<br />

<strong>de</strong>partamentos <strong>do</strong> governo. Da mesma<br />

forma, precisam <strong>de</strong> encontrar formas <strong>de</strong><br />

manter as linhas <strong>de</strong> comunicação abertas<br />

com o resto da socieda<strong>de</strong> civil, não apenas<br />

com os seus representa<strong>do</strong>s mas também<br />

com ONGs, com outras instituições públicas<br />

e com o sector priva<strong>do</strong>.<br />

Caixa 2.1<br />

CONSTRUINDO UMA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA EFICAZ<br />

Se os <strong>de</strong>puta<strong>do</strong>s não conseguirem atingir<br />

este nível <strong>de</strong> competência rapidamente,<br />

corre-se o risco <strong>de</strong> o governo ter a tentação<br />

<strong>de</strong> atalhar e ultrapassar o parlamento.<br />

De forma a fazer aprovar rapidamente a<br />

legislação, po<strong>de</strong>, por exemplo, fazer passar<br />

simplesmente um enquadramento legal<br />

muito geral que <strong>de</strong>legue a interpretação e o<br />

aperfeiçoamento da política aos ministros<br />

e funcionários públicos. Esta foi a abordagem<br />

utilizada, genericamente, pelo governo<br />

in<strong>do</strong>nésio e <strong>de</strong>ve ser evitada.<br />

A administração pública<br />

Mas por muito <strong>de</strong>cisivo que seja o governo<br />

ou eficazes os legisla<strong>do</strong>res, as suas políticas<br />

e <strong>de</strong>cisões ficarão comprometidas se<br />

não as conseguirem pôr em prática através<br />

<strong>de</strong> um sistema eficaz <strong>de</strong> administração pública.<br />

Isto implica que as instituições governamentais<br />

sejam não apenas bem montadas,<br />

mas também que tenham funcionários<br />

com competência, comportamento profissional<br />

e vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> servir o povo <strong>de</strong> <strong>Timor</strong><br />

<strong>Leste</strong>.<br />

A UNTAET e a ATTL (a Administração<br />

Transitória <strong>de</strong> <strong>Timor</strong> <strong>Leste</strong>) têm participa<strong>do</strong><br />

na construção <strong>de</strong> um serviço público<br />

sóli<strong>do</strong>—a Administração Pública <strong>de</strong><br />

<strong>Timor</strong> <strong>Leste</strong> (APTL). Em Abril <strong>de</strong> <strong>2002</strong>,<br />

tinham si<strong>do</strong> recruta<strong>do</strong>s cerca <strong>de</strong> 11.000 funcionários<br />

públicos para cerca <strong>de</strong> 15.000 lugares<br />

aprova<strong>do</strong>s, incluin<strong>do</strong> lugares no Ser-<br />

A forma como a In<strong>do</strong>nésia explorou<br />

<strong>Timor</strong> <strong>Leste</strong>, conheci<strong>do</strong> em in<strong>do</strong>nésio<br />

como '<strong>Timor</strong>-Timur' [Tim-Tim], transferiu<br />

muitos <strong>do</strong>s benefícios para Jakarta<br />

e em particular para o controlo <strong>do</strong>s<br />

Suhartos e para os elementos da estrutura<br />

militar que lhe eram leais. A<br />

corrupção era crónica entre os<br />

funcionários públicos liga<strong>do</strong>s aos projectos<br />

<strong>de</strong> construção e obras públicas—e<br />

ainda mais alargada entre<br />

aqueles liga<strong>do</strong>s aos projectos <strong>de</strong> alívio<br />

da pobreza.<br />

O governo adjudicava projectos<br />

no valor <strong>de</strong> 20 milhões <strong>de</strong> rupias (em<br />

1995, equivalente a $9.000) ou<br />

menos a pequenas empresas locais<br />

cujos proprietários, cerca <strong>de</strong> 80%<br />

timorenses, eram funcionários públicos<br />

ou liga<strong>do</strong>s a eles por laços familiares.<br />

Entretanto, os projectos no valor<br />

<strong>de</strong> 20 a 300 milhões <strong>de</strong> rupias<br />

Corrupção e nepotismo em ‘Tim-Tim’<br />

eram confia<strong>do</strong>s a médias empresas,<br />

mais <strong>de</strong> meta<strong>de</strong> das quais eram<br />

in<strong>do</strong>nésias. To<strong>do</strong>s os projectos no<br />

valor <strong>de</strong> 300 milhões <strong>de</strong> rupias ou<br />

mais, contu<strong>do</strong>, foram automaticamente<br />

para gran<strong>de</strong>s empresas <strong>de</strong> construção<br />

cujos proprietários eram na totalida<strong>de</strong><br />

in<strong>do</strong>nésios com fortes ligações<br />

ao governo central.<br />

As empresas eram obrigadas a<br />

pagar uma certa quantia em dinheiro<br />

aos funcionários públicos encarregues<br />

<strong>do</strong> planeamento e monitorização <strong>do</strong>s<br />

projectos.<br />

Em resulta<strong>do</strong> <strong>de</strong>ste esquema, apenas<br />

cerca <strong>de</strong> 50 a 60% <strong>do</strong>s fun<strong>do</strong>s<br />

atribuí<strong>do</strong>s a projectos <strong>de</strong> construção<br />

foram para os próprios projectos. O<br />

restante acabou nos bolsos <strong>do</strong>s funcionários<br />

que trabalhavam em diferentes<br />

níveis administrativos, assim<br />

como em Jakarta.<br />

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