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Relatório do Desenvolvimento Humano de Timor Leste, 2002

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que será exigi<strong>do</strong> a <strong>Timor</strong> <strong>Leste</strong> para viver<br />

uma socieda<strong>de</strong> “<strong>de</strong>senvolvida” que seja<br />

humana e humanizante, para viver uma vida<br />

<strong>de</strong> fé, algures entre o que é <strong>de</strong>sejável e o<br />

que é possível?<br />

A resposta: <strong>de</strong>senvolvimento completo<br />

O <strong>de</strong>senvolvimento <strong>do</strong> nosso país como<br />

povo e como nação é <strong>de</strong> gran<strong>de</strong><br />

importância para fazer face a este <strong>de</strong>safios.<br />

Contu<strong>do</strong>, o <strong>de</strong>senvolvimento não <strong>de</strong>ve ser<br />

apenas sustentável mas também completo<br />

ou integral. O <strong>de</strong>senvolvimento em <strong>Timor</strong><br />

<strong>Leste</strong>, segun<strong>do</strong> Emilia Pires, Directora da<br />

Agência para o Planeamento Nacional e<br />

<strong>Desenvolvimento</strong>, <strong>de</strong>ve incluir os seguintes<br />

aspectos: consulta à comunida<strong>de</strong> e<br />

planeamento local, recolha e análise <strong>de</strong><br />

da<strong>do</strong>s, envolvimento <strong>do</strong>s timorenses e<br />

prioritização <strong>do</strong> <strong>de</strong>senvolvimento nacional.<br />

Este é um bom plano <strong>de</strong> activida<strong>de</strong>s para<br />

começar, como priorida<strong>de</strong>s para melhorar<br />

a sustentabilida<strong>de</strong> <strong>do</strong> <strong>de</strong>senvolvimento. Isto<br />

faz-me lembrar um provérbio índio<br />

americano que expressa a visão e os<br />

valores necessários para o <strong>de</strong>senvolvimento<br />

sustentável: “Nós não herdamos a terra <strong>do</strong>s<br />

nossos avós; tomamo-la emprestada <strong>do</strong>s<br />

nossos netos”. Assim, em primeiro lugar,<br />

<strong>de</strong>senvolvimento sustentável significa<br />

<strong>de</strong>senvolvimento económico que satisfaça<br />

as necessida<strong>de</strong>s da geração presente <strong>de</strong><br />

forma a não comprometer as necessida<strong>de</strong>s<br />

das gerações futuras. Em segun<strong>do</strong> lugar, os<br />

pormenores da vida em qualquer país são<br />

interliga<strong>do</strong>s e inter<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes e esta é uma<br />

verda<strong>de</strong> óbvia para <strong>Timor</strong> <strong>Leste</strong> se se quiser<br />

juntar oficialmente às nações in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes<br />

<strong>do</strong> mun<strong>do</strong>. Esta é uma verda<strong>de</strong> política.<br />

Assim, a inter<strong>de</strong>pendência das nações e <strong>de</strong><br />

toda a comunida<strong>de</strong> da Terra <strong>de</strong>ve ser<br />

promovida. Finalmente, o governo tem um<br />

“<strong>de</strong>ver <strong>de</strong> to<strong>do</strong>s para com to<strong>do</strong>s”. Como<br />

reitera João Paulo II, “cada nação ou povo<br />

tem direito ao seu próprio <strong>de</strong>senvolvimento<br />

completo, que tem os seus aspectos<br />

puramente económicos e sociais”, mas que<br />

“<strong>de</strong>ve também incluir a i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> cultural<br />

individual e abertura ao transcen<strong>de</strong>nte”.<br />

Assim, há quatro respostas concretas se<br />

<strong>Timor</strong> <strong>Leste</strong> avançar como uma nova nação:<br />

• Estabilida<strong>de</strong> política—Os lí<strong>de</strong>res<br />

políticos e aqueles que são <strong>de</strong>vidamente<br />

eleitos pelo povo <strong>de</strong>vem unir-se no senti<strong>do</strong><br />

<strong>de</strong> levar a cabo as exigências da recente<br />

Constituição. Eles trabalham, não para o<br />

seu interesse pessoal e autoengran<strong>de</strong>cimento<br />

mas para o bem comum<br />

DESENVOLVIMENTO HUMANO EM TIMOR LESTE<br />

da sua nação. Todas as agências <strong>do</strong><br />

governo, sejam elas da <strong>de</strong>fesa, serviços<br />

sociais, comunicações, etc., <strong>de</strong>vem promover<br />

e <strong>de</strong>finir a visão <strong>de</strong> serviço a bem da<br />

socieda<strong>de</strong> civil. Esta é uma forma <strong>de</strong> tornar<br />

as nossas instituições políticas estáveis e<br />

sustentáveis. Alguns diriam, “a estabilida<strong>de</strong><br />

política significa prosperida<strong>de</strong> económica”.<br />

Neste senti<strong>do</strong>, o que <strong>Timor</strong> <strong>Leste</strong> necessita<br />

é <strong>de</strong> atrair investi<strong>do</strong>res que aju<strong>de</strong>m a<br />

dinamizar a economia. Po<strong>de</strong>rá resultar ou<br />

não em crescimento económico,<br />

acompanha<strong>do</strong> <strong>de</strong> uma distribuição mais<br />

igualitária <strong>de</strong> bens, mas a estabilida<strong>de</strong><br />

política é consi<strong>de</strong>rada essencial para vencer<br />

a pobreza. Neste caso, o governo <strong>de</strong>ve<br />

actuar seriamente sobre a situação <strong>de</strong><br />

imensa pobreza em <strong>Timor</strong> <strong>Leste</strong> se quiser<br />

ser um instrumento útil para a socieda<strong>de</strong> civil.<br />

O alívio <strong>do</strong> sofrimento <strong>do</strong>s pobres <strong>de</strong>ve ser<br />

encara<strong>do</strong> frequentemente como aumento da<br />

equida<strong>de</strong> económica para melhorar as<br />

condições <strong>de</strong> vida <strong>do</strong>s pobres <strong>de</strong> <strong>Timor</strong><br />

<strong>Leste</strong>.<br />

• Direitos <strong>Humano</strong>s e <strong>de</strong>mocracia—O<br />

caminho para a <strong>de</strong>mocracia e para os<br />

direitos humanos po<strong>de</strong>rá ser novo em <strong>Timor</strong><br />

<strong>Leste</strong> mas os princípios nos quais se baseia<br />

não o são. Os direitos humanos e a<br />

<strong>de</strong>mocracia são uma parte integrante <strong>do</strong><br />

<strong>de</strong>senvolvimento completo. Eles são<br />

essenciais à dignida<strong>de</strong> humana <strong>de</strong> cada<br />

timorense. Do ponto <strong>de</strong> vista cristão, o<br />

respeito pelos direitos humanos <strong>de</strong> cada<br />

indivíduo é um acto cristão. A base é a <strong>de</strong><br />

que to<strong>do</strong>s os seres humanos são iguais<br />

porque to<strong>do</strong>s somos filhos <strong>de</strong> Deus e cria<strong>do</strong>s<br />

à Sua imagem. Neste senti<strong>do</strong>, o<br />

<strong>de</strong>senvolvimento também significa igualda<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> género. Por isso apoio as iniciativas <strong>de</strong><br />

direitos humanos das organizações nãogovernamentais,<br />

como o Tribunal <strong>do</strong> Povo e<br />

o Tribunal Internacional também para<br />

i<strong>de</strong>ntificar aqueles que cometeram crimes<br />

contra a Humanida<strong>de</strong>. Precisamos <strong>de</strong><br />

continuar aquilo que já conseguimos até<br />

agora. Já repeti várias vezes que “a<br />

<strong>de</strong>mocracia é o mo<strong>do</strong> <strong>de</strong> pôr os direitos<br />

humanos em movimento”. Escolhemos a<br />

in<strong>de</strong>pendência que repudiou os 25 anos <strong>de</strong><br />

ocupação in<strong>do</strong>nésia. Um novo capítulo da<br />

história se abre. O famoso referen<strong>do</strong> <strong>de</strong> 30<br />

<strong>de</strong> Agosto <strong>de</strong> 1999 é uma indicação <strong>de</strong><br />

que po<strong>de</strong>mos prosseguir os i<strong>de</strong>ais da<br />

<strong>de</strong>mocracia. Mostrámos ao mun<strong>do</strong> que<br />

po<strong>de</strong>mos entrar na <strong>de</strong>mocracia através <strong>do</strong><br />

voto honesto e tranquilo. A nova<br />

Constituição, longe <strong>de</strong> perfeita, já foi<br />

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