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Diário da Câmara dos Deputados

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04696 Sexta-ferra 16 DIÁRIo DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Fevereiro de 1996<br />

confiando no senso de justiça e de eqüi<strong>da</strong>de <strong>dos</strong><br />

seus integrantes e na compreensão do Executivo,<br />

que será fun<strong>da</strong>mental para sua implementação visto<br />

que ele não aponta para uma direção que possa levantar<br />

alguma dificul<strong>da</strong>de à economia nacional, mas<br />

ao contrário, está direcionado para um grande projeto<br />

nacional de desenvolvimento, como temos defendido<br />

nesta tribuna.<br />

Mais desenvolvimento para to<strong>dos</strong>, sem exclusões.<br />

E, para que isso ocorra, temos de iniciar o trabalho<br />

de redução <strong>da</strong>s desigual<strong>da</strong>des regionais.<br />

O SR. PRESIDENTE (Herculano Anghinetti) ­<br />

Com a palavra o Sr. Deputado Chicão Brígido pelo<br />

Bloco Parlamentar PMDB/PSD/PSUPSC, que disporá<br />

de 10 minutos na tribuna.<br />

O SR. CHICÃO BRíGIDO (PMDB - AC. Sem<br />

revisão do orador.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputa<strong>dos</strong><br />

neste primeiro diá em que reiniciamos os<br />

nossos trabalhos nesta Casa, achei oportuno trazer<br />

um pronunciamento intitulado A Democracia, quais<br />

seus avanços?<br />

Compreendemos, Sr. Presidente, que nenhum<br />

Parlamentar brasileiro tem tanta responsabili<strong>da</strong>de<br />

com a democracia brasileira quanto um peemedebista.<br />

O PMDB é um partido que, sem sombra de<br />

dúvi<strong>da</strong>s, ajudou a reconstruir a democracia em nosso<br />

País e continua sendo um <strong>dos</strong> parti<strong>dos</strong> com essa<br />

referência.<br />

Em to<strong>da</strong> a nossa vivência política, procuramos<br />

sempre trilhar o caminho <strong>da</strong> reflexão. Assim, desempenhando<br />

o nosso trabalho nesta Casa, e sob o<br />

rompante do turbilhão de nossos compromissos políticos,<br />

buscamos, em um breve momento silencioso,<br />

uma resposta para o exercício concreto <strong>da</strong> democracia.<br />

Refletindo sobre o sentido <strong>da</strong> democracia<br />

como um modo pelo qual o povo toma o seu destino<br />

em suas próprias mãos, aportamos no sentido grego<br />

de democracia, em que encontramos govern9 do<br />

povo, pelo povo, para o povo. Os gregos descobriram<br />

a democracia e praticaram a política, a arte de<br />

decidir através <strong>da</strong> discussão pública, obedecendo às<br />

decisões como condição para o avanço <strong>da</strong> socie<strong>da</strong>de<br />

civiliza<strong>da</strong>.<br />

t certo que na Grécia clássica a democracia<br />

era exerci<strong>da</strong> peJos ci<strong>da</strong>dãos e excluía mulheres e<br />

escravos do direito de ci<strong>da</strong><strong>da</strong>nia, mas é certo também<br />

que os líderes políticos eram obriga<strong>dos</strong> a ter<br />

um relacionamento direto com seus eleitores e portanto<br />

se expunham ao controle direto e imediato. A<br />

democracia ateniense era direta e não representativa,<br />

diferenciando-se assim do ideal contem-<br />

porãneo. O que os preocupava fun<strong>da</strong>mentalmente<br />

era permitir a ca<strong>da</strong> ci<strong>da</strong>dão a participação no gerenciamento<br />

de to<strong>dos</strong> os negócios públicos.<br />

Percorrendo os caminhos <strong>da</strong> democracia, deparamos<br />

com a democracia liberal do século XIX, dirigi<strong>da</strong><br />

por uma elite burguesà que acreditava dona<br />

<strong>da</strong> razão e do conhecimento do bem comum.<br />

No mundo contemporâneo, a participação direta<br />

seria praticamente impossível, <strong>da</strong>í a representativi<strong>da</strong>de<br />

como símbolo de um sistema democrático.<br />

A democracia moderna depende <strong>da</strong> participação<br />

popular. Não estamos mais na Grécia clássica,<br />

onde os ci<strong>da</strong>dãos podiam ser reuni<strong>dos</strong> to<strong>dos</strong> na<br />

praça do mercado para discutirem política no exercício<br />

pleno de democracia.<br />

Mas hoje, por inúmeras vezes, o sentido <strong>da</strong> democracia<br />

representativa é distorcido. Quando a classe<br />

política é escolhi<strong>da</strong> pelo voto de uma maioria, ela<br />

usa o man<strong>da</strong>to político como se fosse uma proprie<strong>da</strong>de<br />

particular, cerca<strong>da</strong> com arame farpado e cães<br />

bravos para intimi<strong>da</strong>r quem a elegeu.<br />

Podemos apontar vários exemplos de representantes<br />

do povo que se vestem de democráticos<br />

enquanto fazem suas campanhas eleitorais, financia<strong>da</strong>s<br />

pelas oligarquias regionais e que, depois de<br />

eleitos, se transfiguram, passam de representantes<br />

a senhores, colocando em primeiro plano os interesses<br />

do grupo que o apoiou financeiramente na sua<br />

eletivi<strong>da</strong>de.<br />

A democracia é um valor universal.<br />

Sr. Presidente, srªs e Srs. Deputa<strong>dos</strong>, partindo<br />

<strong>da</strong> premissa de que salta aos nossos olhos uma democracia<br />

ain<strong>da</strong> não consoli<strong>da</strong><strong>da</strong>, tanto em âmbito<br />

nacional quanto regional, o que percebemos, no<br />

Brasil, são os resquícios <strong>da</strong>s formas políticas adota<strong>da</strong>s<br />

pelas classes dominantes, desde os primórdios<br />

de nossa história. A herança de uma socie<strong>da</strong>de colonial<br />

e escravista marcou profun<strong>da</strong>mente a formação,<br />

o desenvolvimento e o pensamento <strong>dos</strong> grupos<br />

e <strong>da</strong>s classes sociais no Brasil, assim como obstaculizou<br />

as transformações sociais mais profun<strong>da</strong>s.<br />

Desde a independência até a instalação <strong>da</strong> Re- ,<br />

pública, tivemos a imposição de um sistema de governo<br />

no qual a política brasileira se curvava ao poder<br />

pessoal do Imperador. Podemos dizer também<br />

que o chamado Período Regencial não foi uma legítima<br />

representação do povo brasileiro; ao contrário,<br />

foi uma ditadura de oligarquia de proprietários de<br />

terras.<br />

Na República Velha as oligarquias senhoriais<br />

criaram mecanismos para conservarem a sua hegemonia.<br />

Para a legitimação do processo, a burguesia

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