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Diário da Câmara dos Deputados

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Fevereiro de 1996 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Sexta-feira 16 04703<br />

o SR. PRESIDENTE (Herculano Anghinetti) ­<br />

Concedo a palavra ao Deputado Marconi Perillo, a<br />

fim de complementar o tempo destinado ao PSDB.<br />

Disporá S. Exª de cinco minutos.<br />

O SR. MARCONI PERILLO (PSDB - GO. Pronuncia<br />

o seguinte discurso.) - Sr. Presidente, Sras.<br />

e Srs. Deputa<strong>dos</strong>, em face <strong>da</strong> grave crise vivi<strong>da</strong> pela<br />

agricultura, especialmente no que diz respeito à cultura<br />

do algodão, apresentei hoje um elenco de sugestões<br />

aos Ministros <strong>da</strong> Fazen<strong>da</strong> e <strong>da</strong> Agricultura<br />

de modificações na política de tarifas incidentes sobre<br />

o algodão.<br />

Conforme sabemos, e é noticiado pela imprensa<br />

nacional, a área planta<strong>da</strong> de algodão nos dois<br />

maiores Esta<strong>dos</strong> prodL!tàtes foi reduzi<strong>da</strong> em mais <strong>da</strong><br />

metade, em apenas qUàtro anos.<br />

Importações financia<strong>da</strong>s são proibi<strong>da</strong>s para<br />

produtos como arroz e milho. Entretanto, para o algodão<br />

são permiti<strong>da</strong>s (até 360 dias, às vezes sem<br />

juros). .<br />

. Os preços internacionais dispararam em 1995.<br />

Mesmo assim a área. planta<strong>da</strong> cairá ain<strong>da</strong> 21 % na<br />

Região Sudeste e 12%·na Região Sul, especialmen'"<br />

te falando no Estado de· Goiás. A diferença é que o<br />

pagamento do algodão nacional é à vista e o importado<br />

tem subsídio de 18;54 centavos por libra, e um<br />

ano para pagar, e muitas vezes sem juros.<br />

A Argentina aumentará sua área de 600 mil<br />

hectares para aproxill1a<strong>da</strong>rnente um milhão de hectares<br />

para a safra de 1996 (isto porque lá o produtor<br />

teve o direito de aproveitar os bons preços mundiais).<br />

Tais subsídios não estão sendo investiga<strong>dos</strong><br />

apenas no Brasil: grande exportadora americana de<br />

algodão para o Brasil está sendo investiga<strong>da</strong> pelo<br />

próprio governo americano, pela utilização abusiva e<br />

indevi<strong>da</strong> <strong>dos</strong> subsídios concedi<strong>dos</strong> em 1992/1993<br />

aos exportadores de algodão.<br />

No Brasil, a SRB, a CNA e a OCB estão movendo<br />

processo contra as importações subsidia<strong>da</strong>s<br />

americanas desde dezembro de 1993.<br />

O Governo brasileiro apurou que, em 1993, os<br />

subsídios <strong>da</strong><strong>dos</strong> pelos EUA eram de 18,54 centavos<br />

por libra, ou seja, 32% <strong>da</strong> cotação doméstica do produto.<br />

O café que recentemente importamos tinha tarifa<br />

de 15%; o algodão, zero.<br />

No Mercosul, a alíquota de importação chegará<br />

a 6% somente no ano 2000.<br />

O setor têxtil tem tarifas de 70% e o algodão<br />

tem hoje tarifa de 2%. Por que destruir a produção<br />

de fibra para proteger a produção de têxteis?<br />

Além disso, ain<strong>da</strong> existe o ICMS sobre as exportações!<br />

Produtores nacionais não se beneficiam <strong>da</strong>s altas<br />

no mercado externo, porque o algodão fica encalhado<br />

no mercado interno.<br />

A defasagem do câmbio prejudica muito o produto<br />

exportado e beneficia ain<strong>da</strong> mais o importado.<br />

O que vemos é que nunca se exportou tanto<br />

imposto e se importou tanto subsídio como no algodão.<br />

Os EUA são o segundo maior produtor mundial<br />

de algodão. O Governo apurou que de 1992 a 1994<br />

os subsídios americanos ao algodão chegaram à astronômica<br />

cifra de US$5 bilhões/ano.<br />

O agricultor do Brasil não pode competir com o<br />

Tesouro <strong>dos</strong> Esta<strong>dos</strong> Uni<strong>dos</strong>.<br />

O produto importado substitui o produto nacional,<br />

que acaba encalhado. Com isso, o Governo e<br />

as cooperativas, ao ficarem com os estoques, estão<br />

fazendo uma ver<strong>da</strong>deira política de garantia de preços<br />

para os produtores estrangeiros, que empurram<br />

seus estoques subsidia<strong>dos</strong> para países incautos,<br />

sem a devi<strong>da</strong> proteção externa, como é o nosso<br />

caso.<br />

E o algodão brasileiro está nesta situação porque<br />

a Tarifa Importação é zero. Tarifa esta vigente<br />

desde 1990 (plano de abertura do Governo Collor).<br />

Os produtores rurais não são capazes de identificar<br />

as reais causas de seu empobrecimento. É<br />

preciso explicar-lhes que qualquer produto que chegue<br />

aos portos brasileiros por 100 centavos por libra<br />

e a tarifa de 20%, o preço do importado passa a ser<br />

de 120 centavos por libra. Agora, se a tarifa é zero,<br />

se o produto tem no exterior um subsídio conhecido<br />

de 20 centavos por libra, e crédito de um ano para<br />

pagar (o que significa 10 centavos por libra de abatimento),<br />

o produto importado acaba chegando ao<br />

país por 70 e não 120 centavos por libra.<br />

A produção nacional caiu de 900 para 400 mil<br />

tonela<strong>da</strong>s de fibra.<br />

A que<strong>da</strong> <strong>da</strong> produção implica prejuízo para o<br />

País de cerca de US$826 milhões. As ven<strong>da</strong>s de insumos<br />

caíram cerca de US$120 milhões. O setor de<br />

serviços deixou de faturar em torno de US$25 milhões.<br />

Os Esta<strong>dos</strong> deixaram de arreca<strong>da</strong>r aproxima<strong>da</strong>mente<br />

US$135 milhões com impostos.<br />

O Brasil, que foi um <strong>dos</strong> maiores países exportadores<br />

de algodão, atualmente figura na lista <strong>dos</strong><br />

maiores importadores.

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