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Diário da Câmara dos Deputados

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04730 Sexta-feira 16 DTÁRTO nA ('ÂMARA OOS DEPUTADOS Fevereiro de 1996<br />

o SR. PRESIDENTE (Doputado EIi.eu Re.ende) - Para responder a<br />

última questão, tem a palavra o Presidente <strong>da</strong> NUCLEN.<br />

O SR. EVALDO CÉZARI DE OLIVEIRA· Deputado, V.Exa. perguntou<br />

qual seria a produção de Angra 11. Angra li, como falalllOll, está sendo feija de<br />

acordo com uma usina alemã. Essa usina alemã tem produzido, nos dez anos em<br />

que está operando, mais de 10 bilhões de quilowattlhora por ano. t: uma <strong>da</strong>s usinas<br />

que tem maior geração de energia no mundo. Se considerannos o custo que<br />

Fumas vende hoje, 21 milésimos de dólar o quilowattlhora, logicamente a energia<br />

de Angra 11 <strong>da</strong>ria em tomo de 210 milhões de dólares por ano. Mas esse é um custo<br />

médio. Fumas tem usinas que geram energia a um custo muito'baixo e tem outras<br />

que geram a um custo mais alio. Desse modo, no dia em que Angra 11 entrar no<br />

sistema, ela vai entrar num mixe de energia. A tarifa de Fumas vai subir, e o custo<br />

de Angra 11 logicamente será mais alio. Então, o valor adicionado por Angra 11 será<br />

muito superior a 210 dólares à receM de Fumas.<br />

O SR. PRESIDENTE (Deputado EIi.eu Re.ende) • iJevoivemos a<br />

paiavra ao Presidente <strong>da</strong> CNEN, Dr. José Mauro Esteves Santos, para falar sobre a<br />

questlio <strong>dos</strong> royalli.., levanta<strong>da</strong> pelo Deputado Antônio Feijão.<br />

O SR. JOSt: MAURO ESTEVES SANTOS • Deputado, dentro de<br />

alguns dias vai chegar a esta Comissão o Projeto de Lei n' 189/91, <strong>da</strong> <strong>Câmara</strong>, que<br />

é o projeto que estabelece uma série de coisas sobre os depósijos de rejeijos<br />

radioativos. Um <strong>dos</strong> itens de que trata esse projeto é o <strong>da</strong> responsabili<strong>da</strong>de sobre<br />

os custos de ca<strong>da</strong> um <strong>dos</strong> depósijos de rejeijos. Creio que essa sua idéia poderia<br />

ser incorpora<strong>da</strong> a esse projeto, nesta Comissão, e, com isso, tennos Municipios que<br />

se candi<strong>da</strong>tem à construção desses depósijos. Essa é uma solução que foi adota<strong>da</strong><br />

nos Esta<strong>dos</strong> Uni<strong>dos</strong>, para depósito de combustiveis irradia<strong>dos</strong>, e apareceram, como<br />

V.Exa. eslã prevendo, Municipios candi<strong>da</strong>tos ao depósijo.<br />

O SR. PRESIDENTE (Deputado ElIseu Resende) - Deputado Antonio<br />

Feijão, V.Exa. tem três minutos para a réplica, se quiser fazer uso dessa<br />

prerrogativa.<br />

O SR. DEPUTADO ANTONIO FEIJÃO. Sr. Presidente, usarei<br />

apenas um minuto. Quero dizer que quanto a transportes pesa<strong>dos</strong>, na déca<strong>da</strong><br />

passa<strong>da</strong>, assisti a um jogo de futebol de crianças, de filhos de funcionários <strong>da</strong><br />

ELETRONORTE, em Tucurul, dentro do rotor de uma turbina. Quer dizer, coube<br />

uma quadra de futebol dentro de um rotor. Entlio, transporte não seria problema. A<br />

única queslllo que levantei foi para chegar a um problema que o Deputado<br />

Fernando Ferro levantou com muita precisão: o fator humano é de alia importância,<br />

não pode prever custos. Pelo pouco que conheço <strong>da</strong> geografia e <strong>da</strong> densi<strong>da</strong>de<br />

populacional de lá - que Deus nos livre disso -, qualquer probiema naquelas<br />

usinas será uma catástrofe, porque não tem loglstica para evacuar aquela área,<br />

enquanto no Nordeste o problama seria juntar as pessoas para conhecer, porque<br />

não tem ninguém. Enlllo, foi escolhido um lugar que vai ser um problema eterno,<br />

por ser um balneário, confinado entre montanha e oceano. Não tem disposição<br />

geográfica. Quanto li geologia estrutural, tudo bem, mas a escoiha demográfica do<br />

local foi incorreta. Agradeço a V.Sas. as perguntas, e estamos torcendo para que o<br />

programa vá adiante, porque o Brasil precisa assumir o custo de entrar na<br />

tecnologia do Terceiro Milênio. Temos de pagar para aprender a usar a energia<br />

nuclear, porque a energia geográfica não terá mais espaço <strong>da</strong>qui a cinco anos no<br />

Brasil.<br />

palavra.<br />

O SR. DEPUTADO FERNANDO FERRO - Sr. Presidente, pela ordem.<br />

O SR. PRESIDENTE (Deputado Eliseu Resende) - Tem V.Exa. a<br />

O SR. DEPUTADO FERNANDO FERRO - Sr. Presidente, quero<br />

agradecer ao Deputado Antonio Feijão a generosi<strong>da</strong>de em relação ao Nordeste'"<br />

dizer que a Amazônia, em aspecto geográfico, se fonnos entrar por esse<br />

argumentos, é bem mais rica.<br />

O SR. PRESIDENTE (Deputado EIi.eu Resan<strong>da</strong>) - A queslllo<br />

evidentemente será discuti<strong>da</strong> quando a Comissão visMr Angra, porque há um<br />

aspecto aI relacionado com a deman<strong>da</strong>, que é um aspecto relevante.<br />

Com a palavra o Deputado Luciano Zica.<br />

O SR. DEPUTADO LUCIANO ZICA - Sr. Presidente, Srs.<br />

palestrantes, em primeiro lugar, quero lamentar o fato de 'ennos esse tempo tão<br />

pequeno para um debate tão importante e, inclusive, sugerir, porque acho que é um<br />

tema que deman<strong>da</strong>rá desta Comissão um aprofun<strong>da</strong>mento, que pensemos, para o<br />

inicio do próximo ano, um seminário promovido pela Comissão de Minas e Energia,<br />

sobre o tema, para que possamos ouvir técnicos, pesquisadores e outros que<br />

possam trazer o seu ponto de vista e a sua contribuição.<br />

Quero, num primeiro momento, ouvir o Dr. José Mauro, que disse que<br />

o enriquecimento de urânio promovido pela Marinha foi um sucesso comprovado,<br />

desde 1986. Gostaria de saber onde está essa comprovação, primeiro porque essa<br />

matéria, pela cultura <strong>da</strong> concepção do modelo nuclear brasileiro, não tinha muita<br />

clareza se tinha objetivos militares, energéticos, até porque naquele momento pelo<br />

menos a população brasileira tinha a sensação de que as alternativas hidrelétricas<br />

seriam insuperáveis e inesgotáveis no nosso PaIs, e mUM gente ain<strong>da</strong> tem dúvi<strong>da</strong>s<br />

sobre isso inclusive, e, segundo, porque, na ver<strong>da</strong>de, a Marinha opera em escala<br />

de laboratório, com poucas centrifugas. Qual o custo operacional desse<br />

enriquecimento que V.Sa. diz ter sido um sucesso?<br />

E, rapi<strong>da</strong>mente, para levantar o .ra questão, tenho em minhas mãos<br />

um material produzido pela Comissão Nacional <strong>dos</strong> Trabalhadores em Energia<br />

Nuclear que levanta uma série de sugestOes - vou citar apenas algumas delas _,<br />

que para mim redefinem a concepção do modelo nuclear brasileiro, tirando,<br />

inclusive, a confusão que existe com os objetivos milijares. Seria, por exemplo, a<br />

transferência <strong>da</strong>s ativi<strong>da</strong>des <strong>da</strong> área de pesquisa nuclear para o Ministério <strong>da</strong><br />

Ciência e Tecnologia; a transferência de to<strong>da</strong>s as ativi<strong>da</strong>des industriais para o<br />

Ministério de Minas e Energia, porque, na ver<strong>da</strong>de, o objetivo é a prodUção de<br />

energia; enfim, uma série de sugestões. Quero saber se os senhores têm<br />

conhecimento disso e o que pensam sobre debater essas questões nesse nlvel.<br />

Isso é mais para contribuir com o debate futuro, para a elaboração de uma<br />

legislação, a queslllo do controle do Congresso Nacional, inclusive <strong>dos</strong> objetivos,<br />

na produção de energia nuclear, a participação. Estive com uma comissão de<br />

Parlamentares brasileiros na Inglaterra, dias atrás, analisando a queslAo <strong>da</strong>s<br />

privatizaÇÕ8s. Percebemos que, independente de ter sido positivo ou não, antes de<br />

se tomar uma série de medi<strong>da</strong>s em ca<strong>da</strong> setor como esse havia a regulamentação<br />

de como ficaria esse setor, após a toma<strong>da</strong> <strong>da</strong>s medi<strong>da</strong>s. Aqui, no Brasil,<br />

infelizmente, temos assistido às tentativas, às vezes, desastra<strong>da</strong>s para depois se<br />

tentar rearranjar a coisa.<br />

Esteves Santos.<br />

Presidente <strong>da</strong> CNEN.<br />

'" nesse sentido que estou fazendo a pergunta para o Dr. José Mauro<br />

O SR. PRESIDENTE (Dapulado Eliseu Resende) - Com a palavra o<br />

O SR. JOSt: MAURO ESTEVES SANTOS· Nobre Deputado, quando<br />

falei em sucesso do processo de (ininteligivel), eu estava me referindo a sucesso<br />

tecnológico e não a sucesso de empreendimento comercial. Na reali<strong>da</strong>de, ele ain<strong>da</strong><br />

não existe, como V.Exa. bem apontou. Acontece que o sucesso tecnológio nessa<br />

área é uma coisa tão importante, tao distante <strong>da</strong> tecnoiogia nonnal <strong>dos</strong> palses, é<br />

um pulo, um sallo tão grande que talvez eu tenha usado a expressão erra<strong>da</strong> ao<br />

falar sucesso e tenha <strong>da</strong>do a entender que eu estava falando sucesso do<br />

empreendimento como um todo. t: um sucesso de pesquisa.<br />

Quanto à escala de laboratório, acho que seria interessante esta<br />

Comissão visitar Aramar. Não é bem laboratório. No IPEN·COPESP temos um<br />

laboratório com quarenta e oito centrIfugas, inclusive estlio sendo transferi<strong>da</strong>s para<br />

Aramar. A instalação de Aramar tem 580 centrifugas. Quer dizer, é uma instalação<br />

de porte razoàvel.<br />

Quanto à discussão do documento do CONTREN, concordo com<br />

V.Exa. Acho que seria interessante que tivés.emos uma oportuni<strong>da</strong>de com mais<br />

tempo para discutinnos.<br />

Finaiizando, aproveijo a oportuni<strong>da</strong>de para fazer um convije à<br />

Comissão de Minas e Energia para que vistte os quatro estúdios de pesquisa <strong>da</strong><br />

CNEN onde se desenvolve tecnologia nuclear <strong>da</strong>s mais diversas fonnas.

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