Sobre Almas e Pilhas Se não pudermos sê-los, que ao menos tenhamos a humildade de agradece pela saúde de nossos entes queridos e pelo fato da maioria - senão a totalidade - de nossos problemas ter solução. Também devemos agradecer pela existência desses seres que compensam nossas deficiências de espírito; fazer-lhes uma contida e respeitosa reverência, bater palmas e, principalmente, ajudá-los no que for possível! Adilson Luiz Gonçalves 117
Sobre Almas e Pilhas UM UM ORGULHO ORGULHO QUE QUE QUE NÃO NÃO É É PECADO PECADO (Fev./2004) O orgulho (ou soberba) é considerado um pecado capital! Mas há “orgulhos” e orgulhos. Por exemplo: podemos alcançar, esbaforidos, o topo do Monte Everest; saltar, amarrados numa corda elástica, de sei lá quantos metros de altura; pegar “aquela onda” de trinta metros de altura e sair contando nossa proeza, orgulhosos, para todo mundo. Muito bom! Mas o que isso acrescentou à Humanidade? Se fizermos isso por gosto pessoal, tudo bem. Mas se fazemos para demonstrar, segundo critérios próprios, nossa superioridade em relação aos outros... Que belos exemplares de babacas seremos! O máximo que conseguiremos é desafiar outros, da mesma espécie, que tentarão suplantar nossos “feitos”, num ciclo que às vezes só termina com a morte inútil de um desses heróis de papel. E ainda há os que choram por eles... Esse é um orgulho vão, que não acrescenta nada a ninguém e ainda turva a visão de si e dos outros. Mas existem orgulhos que são como luzes: Há algum tempo atrás, um colega, mestre-de-obras, anunciou-me que sua filha havia entrado na faculdade, na área de veterinária se não me engano. Manifestei minha sincera satisfação com a notícia, mas fiquei preocupado, em silêncio, com as dificuldades que eu já conhecia e sabia que ele iria enfrentar: mensalidade, custo do material didático, etc. Dois anos depois ele, com pesar, contou que ela havia mudado para biologia, pois estava difícil mantê-la no curso inicial, mesmo fazendo horasextras e “bicos”, nos horários livres e férias. Ponderei que isso não era o fim de um sonho, mas um caminho só um pouco mais comprido. Nada a impediria de retomá-lo, depois de formada e inserida no mercado de trabalho. Ele não esmoreceu e continuou sua maratona de trabalho, dia e noite. “Cabra bom” esse sujeito! Deus o abençoou com uma saúde e dinamismo impressionantes. Não é à toa que seu apelido era “Zé Boi”! Mas, nos poucos anos que se seguiram, seus cabelos foram clareando, até ficarem todos brancos. Outro dia, num janeiro, encontrei-o voltando do trabalho. Fazendo as contas, de cabeça, perguntei se sua filha já havia terminado a faculdade. Adilson Luiz Gonçalves 118