SOBRE ALMAS E PILHAS - VERSÃO DIGITAL - Revista Engenharia
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Sobre Almas e Pilhas<br />
TAPETES TAPETES VERMELHOS<br />
VERMELHOS<br />
(Out./2004)<br />
Não cultivo nem cultuo ídolos, mitos ou gurus, sobretudo quando se<br />
trata de seres humanos!<br />
A lógica que me levou a essa condição me parece bastante elementar:<br />
Embora caiba a cada um de nós desenvolvermos nossos potenciais,<br />
tudo o que somos de bom é uma dádiva de Deus! Por que, então, colocar seres<br />
humanos em pedestais?<br />
Quem se sobressaia positivamente em uma determinada área,<br />
igualmente positiva, merece respeito, mas nunca idolatria! Esse respeito, aliás,<br />
está na consciência de que pessoas têm virtudes, mas também têm defeitos,<br />
pois são feitas de carne e osso como qualquer mortal. Assim, apreciar as<br />
qualidades de quem quer que seja não implica omitir ou fazer “vistas grossas”<br />
aos seus defeitos. Se o fizermos estaremos entrando na perigosa seara do<br />
fanatismo.<br />
Essa consciência da imperfeição deve ser encarada como uma benção<br />
universal, pois coloca-nos na condição singular de podermos ser importantes<br />
ao menos para nós mesmos, sem ofuscar ou apagar o brilho do semelhante, ou<br />
seja: sermos auto-suficientes!<br />
Quem vive só para adorar seu ídolo ou só de ser adorado pelos fãs<br />
passa sua existência, muitas vezes sem perceber, flertando com a insanidade,<br />
o que é demonstrado pelos desvarios e excessos praticados por uns e outros,<br />
apenas para continuarem sendo adorados ou acreditarem terem sido notados<br />
por seus ícones.<br />
Identificar-se? Tudo bem! Mas colocar a vida a serviço de um mito<br />
engendra um processo de autodestruição progressiva da personalidade e da<br />
racionalidade.<br />
Analisando friamente, por que brigar, vestir a camisa, levantar a<br />
bandeira ou estender tapetes vermelhos para seres humanos, só porque eles<br />
têm alguma aptidão que apreciamos? No mais, em alguns casos, extremos,<br />
essa adoração tende a funcionar como uma fuga dos problemas reais. Só que<br />
isso não os resolve! Pior: os acumula, multiplica e agrava!<br />
Uma coisa é dedicar conscientemente a vida ao próximo, ser solidário<br />
e prestativo; outra é viver a existência em função de uma única pessoa ou<br />
coisa, festejando seus sucessos e sofrendo seus fracassos como se fossem<br />
nossos.<br />
Adilson Luiz Gonçalves 78