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SOBRE ALMAS E PILHAS - VERSÃO DIGITAL - Revista Engenharia

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Sobre Almas e Pilhas<br />

Simples: pela violência física, psicológica e religiosa. Nesse extenso<br />

rol de deturpações oportunistas e convenientes, os preconceitos, o poder<br />

bélico e a intransigência têm lugares de "honra".<br />

A violência, aliás, sempre foi a solução preferida pelos estúpidos e a<br />

História é pródiga em exemplos de: escravidão, amputações, chacinas,<br />

massacres, guerras e genocídios. Só que, da mesma forma que existem os<br />

estúpidos históricos, também não faltam os exemplares cotidianos.<br />

A relação de seres humanos com armas, por exemplo, continua a<br />

incorporar o mesmo maniqueísmo que persegue a humanidade desde sua<br />

origem: nas mãos de uns elas parecem proteger ou evitar que a violência os<br />

constranja, enquanto que nas mãos de outros são instrumentos de<br />

multiplicação dramática das possibilidades de intimidação e opressão! Em<br />

qualquer um desses casos, qualquer descuido pode provocar desastres de<br />

proporções pessoais, familiares, públicas ou mundiais.<br />

Defender a vida é natural do ser humano, mas ameaçar a vida de<br />

inocentes, por qualquer que seja o motivo, é a mais pura manifestação da<br />

estupidez humana, em seu estágio mais primário e desprezível. E a<br />

engenhosidade humana, a serviço da irracionalidade, tem criado armas cada<br />

vez mais sofisticadas para que estúpidos de todos os níveis: governantes de<br />

grandes potências, líderes de fanáticos ou "simples" marginais as utilizem<br />

para impor suas condições unilaterais: "Façam o que eu mando!", "Passa a<br />

grana!", "Tira a roupa!", "Seu petróleo é meu!", "O mundo é meu!"...<br />

Hoje, por um módico preço, em vez de acertar com o fêmur de uma<br />

anta na cabeça do oponente, qualquer “anta” pode: esfaquear, alvejar,<br />

explodir, contaminar ou, simplesmente, pulverizar seus adversários, sem o<br />

inconveniente de ver a expressão de seu rosto ou ouvir seus gritos e súplicas,<br />

embora alguns gostem desses pormenores, como se a humanidade fosse um<br />

videogame.<br />

A inteligência torna-se, involuntária ou perigosamente desviada,<br />

instrumento de perpetuação da violência e da estupidez, pois se coloca ao<br />

serviço de seus interesses escusos. A vida, própria e dos outros, perde valor<br />

nessa escala de valores, que coloca o ser humano em último lugar, pois a<br />

primeira vítima da violência é a sanidade!<br />

Paradoxalmente, quem ameaça com uma arma pode alegar legítima<br />

defesa quando enfrentado e, assim, transferir a culpa para a vítima!<br />

É óbvio que enfrentar uma arma não é racional, mas ser refém do<br />

medo não é uma sensação natural nem agradável. Depois da sede, da fome e<br />

da tortura talvez não haja maior agressão ao ser humano do que a sensação de<br />

impotência perante a violência. E assim, sem freios, a violência amplia seu<br />

Adilson Luiz Gonçalves 61

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