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SOBRE ALMAS E PILHAS - VERSÃO DIGITAL - Revista Engenharia

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Sobre Almas e Pilhas<br />

ESTATURA ESTATURA ESTATURA DA DA VIDA<br />

VIDA<br />

(Nov./2004)<br />

Existem algumas frases que ficam marcadas em nossa mente por<br />

muito tempo, às vezes por toda a vida. Uma, especialmente, me acompanha há<br />

bastante tempo. Trata-se do início da letra de um hino religioso, que diz: "Eu<br />

vivo à procura da minha estatura...".<br />

No início, creio que ela chamou minha atenção por fugir a convenções,<br />

mas, depois, cheguei à conclusão de que eu me identificava com ela, pois, de<br />

fato, ainda vivo à procura da minha estatura e talvez o faça até o fim da vida.<br />

Obviamente, não estou falando da estatura física, mas de outras, muito<br />

mais significativas. Crescer fisicamente é, a priori, um processo natural,<br />

embora existam "culturas" que enfaixem pés, para mantê-los pequenos, ou<br />

estiquem pescoços, por razões estéticas. Também existem tratamentos<br />

glandulares que aceleram ou contêm processos de crescimento. Mas todos<br />

esses exemplos são exceções à regra.<br />

A estatura física elevada, aliás, é muito útil em várias situações, tais<br />

como: em cinemas e shows, para fazer sombra, no vôlei e no basquete. Mas<br />

ser alto não é, necessariamente, sinal de inteligência, sabedoria ou elevação<br />

espiritual. Esse tipo de estatura é muito mais difícil de alcançar ou medir, até<br />

porque não tem limitações físicas. Enquanto o crescimento do corpo ocupa<br />

espaço, tridimensional e limitado, o desenvolvimento da mente otimiza um<br />

espaço já disponível que, até prova em contrário, é multidimensional e<br />

infinito.<br />

No caso da estatura física, existem sistemas de medidas e padrões<br />

mundialmente adotados, que medem sem discriminação. Alto é alto e baixo é<br />

baixo! E não importa credo, raça ou condição social. Já no caso do intelectual,<br />

os educadores do mundo se desdobram na busca de fórmulas eficientes para<br />

ensinar e aferir a aprendizagem, num dinâmico e constante processo<br />

evolutivo. Mesmo assim, ainda lutam para identificar a tênue fronteira entre a<br />

formação de pensadores autônomos e a tentação de doutrinar discípulos servis<br />

e dóceis. Já os critérios de medição sócio-político-cultural ainda são bastante<br />

arcaicos, pois têm como referências intransponíveis os objetivos e predileções<br />

de quem faz a "aferição". "Esse me serve! Esse não me serve!", parece ser o<br />

critério de avaliação padronizado, com ênfase especial nos quesitos:<br />

obediência cega, culto à personalidade e capacidade de renunciar à liberdade<br />

de pensamento. Os "pés", "polegadas", "braças" e afins ainda são<br />

Adilson Luiz Gonçalves 52

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