SOBRE ALMAS E PILHAS - VERSÃO DIGITAL - Revista Engenharia
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Sobre Almas e Pilhas<br />
BRIOCHES BRIOCHES E E A A ROUPA ROUPA ROUPA DO DO IMPERADOR<br />
IMPERADOR<br />
(Abr./2004)<br />
Até a década de 1970, a Noruega – terra de vikings e fiordes - era<br />
um país pobre para os padrões europeus. Seus habitantes viviam de forma<br />
modesta, adequada ao seu poder aquisitivo, e ensinavam seus filhos a darem<br />
valor às coisas simples e à alegria de viver. O clima sempre foi frio, mas seus<br />
corações sempre estiveram aquecidos.<br />
Então, descobriram petróleo em suas águas territoriais, no Mar do<br />
Norte!<br />
La dolce vitta? Absolutamente, não! O poder aquisitivo aumentou<br />
significativamente, mas existe uma consciência nacional contra o desperdício<br />
e a ostentação. Vive-se bem, come-se bem, mas tudo sem exageros. Para eles<br />
a prosperidade do petróleo é efêmera. Assim, o grande desafio é construir<br />
bases sólidas e alternativas econômicas viáveis e sustentáveis para o futuro.<br />
Desde então, vivem páscoas diárias, pois agradecem pelo que são sem<br />
esquecerem o que foram. E os reis são os primeiros a dar o exemplo!<br />
Infelizmente, ainda existem pessoas egoístas e alienadas em nossa<br />
sociedade, que vivem de aparências e lucram ou tiram proveito próprio<br />
fazendo apologia da ostentação. Provavelmente, nunca passaram necessidade<br />
ou tiveram que trabalhar para aprender a dar valor ao que é conquistado com<br />
esforço e merecimento. Vivem num mundo irreal, onde acreditam que seus<br />
padrões são ideais e seus gostos universais.<br />
O curioso é que alguns pregam a singeleza de espírito, o<br />
desprendimento do mundo material e o prazer pelas coisas simples. Quem os<br />
ouve acredita estar diante de um guru iogue, só que gourmet, ou de um monge<br />
budista com estágio no Tibet, mas com escalas em Paris e Milão. Só que a<br />
teoria, na prática, é outra, pois cultivam hábitos pessoais sofisticados, que<br />
pouquíssimos podem pagar.<br />
Simples? Sim! Mas tem que ser com classe, estilo, grife, talher de<br />
prata e guardanapo de linho, sem falar nos serviçais!<br />
Sua pouca relação com o mundo real resume-se à freqüência de<br />
jantares beneficentes cheios de pompa e circunstância, mas onde os<br />
beneficiados não podem entrar.<br />
E se o dinheiro envolvido fosse, apenas, doado diretamente, com<br />
simplicidade de espírito e caridade virtuosa?<br />
Adilson Luiz Gonçalves 94