13.04.2013 Views

Em busca da infância perdida em Manhattan - Fonoteca Municipal ...

Em busca da infância perdida em Manhattan - Fonoteca Municipal ...

Em busca da infância perdida em Manhattan - Fonoteca Municipal ...

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Cin<strong>em</strong>a<br />

cialmente casuali<strong>da</strong>de: “Claro que é<br />

uma história sobre a política e os políticos,<br />

que comenta acontecimentos,<br />

tópicos, o envolvimento do primeiroministro<br />

na guerra do Iraque, a intriga,<br />

o engano, as facadinhas nas costas<br />

que acontec<strong>em</strong> na política... Mas acho<br />

o el<strong>em</strong>ento político mais interessante<br />

desde que acabámos a ro<strong>da</strong>g<strong>em</strong>. Na<br />

altura, não passei muito t<strong>em</strong>po a pensar<br />

no assunto. Estava muito mais<br />

interessado <strong>em</strong> ver tudo pelos olhos<br />

do escritor, que não é uma pessoa<br />

política. Diz, logo ao princípio, que é<br />

por não perceber na<strong>da</strong> de política que<br />

pode fazer as perguntas que chegam<br />

ao âmago de qu<strong>em</strong> é A<strong>da</strong>m Lang.”<br />

O fantasma de Hitchcock<br />

Essa ideia do inocente apanhado nas<br />

malhas de uma intriga que o ultrapassa<br />

(para o actor, “alguém que está<br />

longe de ser ingénuo, mas que não<br />

t<strong>em</strong> unhas para a guitarra que quer<br />

tocar, n<strong>em</strong> está num mundo que domine<br />

ou conheça”) r<strong>em</strong>ete para o outro<br />

fantasma cuja presença Harris<br />

evoca na conferência de imprensa – os<br />

“thrillers” de Alfred Hitchcock, cheios<br />

de inocentes arrastados para situações<br />

de perigo.<br />

Mas é o único fantasma abertamente<br />

assumido por todos – afinal, Polanski<br />

nunca escondeu o seu gosto pelo cin<strong>em</strong>a<br />

de género (alguns dos seus filmes<br />

mais <strong>em</strong>bl<strong>em</strong>áticos e de maior sucesso<br />

foram entra<strong>da</strong>s de género como “A S<strong>em</strong>ente<br />

do Diabo”, 1968, ou “Chinatown”,<br />

1974); Alexandre Desplat invoca<br />

abertamente Bernard Herrmann, o<br />

compositor cúmplice de Hitchcock, na<br />

sua ban<strong>da</strong> sonora; e Robert Harris<br />

aponta que, para o cineasta, “chamar<br />

a um filme ‘arte e ensaio’ é o maior<br />

insulto que existe”.<br />

A colaboração entre ambos não<br />

devia ter começado por aqui, mas por<br />

uma a<strong>da</strong>ptação de um outro romance<br />

do escritor, “Pompeia”: quando o<br />

autor falou ao cineasta do seu novo<br />

livro, Polanski torceu o nariz, mas<br />

depois de ler as provas mudou de<br />

ideias. “Telefonou-me entusiasmado<br />

a dizer que achava isto Raymond<br />

“Polanski é muito<br />

perfeccionista.<br />

Se as coisas não<br />

for<strong>em</strong> como imagina,<br />

n<strong>em</strong> sequer espera<br />

pelo fim do ‘take’.<br />

Pára tudo e começa<br />

a refazer.”<br />

Ewan McGregor<br />

Chandler puro! E disse-me que há<br />

muito t<strong>em</strong>po que queria fazer outro<br />

filme deste género” – a última vez que<br />

o fizera foi “Frenético”, com Harrison<br />

Ford, <strong>em</strong> 1988.<br />

Inevitavelmente, há uma pergunta<br />

a fazer: será que o caso Polanski afecta<br />

a resposta ao filme? A crítica internacional<br />

t<strong>em</strong> sido unânime no elogio<br />

a “O Escritor-Fantasma”, que saiu de<br />

Berlim com o Urso de Ouro para melhor<br />

realização, ao mesmo t<strong>em</strong>po que<br />

procura nele pistas que possam espelhar<br />

a sua situação actual.<br />

Mas o público conseguirá olhar para<br />

ele abstraindo-se <strong>da</strong> controvérsia<br />

que rodeia o cineasta? É possível separar<br />

o artista <strong>da</strong> pessoa? Na mesaredon<strong>da</strong>,<br />

Ewan McGregor diz não<br />

saber. “Não tenho a resposta para<br />

essa pergunta. Não sei se as pessoas<br />

que não o irão ver por ele estar nesta<br />

situação o iriam ver noutra altura.”<br />

Ca<strong>da</strong> um que escolha se quer, ou<br />

não, entrar nesta casa assombra<strong>da</strong>.<br />

Ver crítica de filmes págs. 40 e segs.<br />

Polanski<br />

durante as<br />

ro<strong>da</strong>gens.<br />

A Suíça<br />

devolveu-lhe a<br />

liber<strong>da</strong>de esta<br />

s<strong>em</strong>ana<br />

Ípsilon • Sexta-feira 16 Julho 2010 • 13<br />

DR

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!