Flash “Gardenia”, de Alain Platel, passa por Lisboa a 18 e 19 de Fevereiro O teatro e a antropologia É assim desde há 64 anos, mais anulação menos anulação (e foram duas, <strong>em</strong> 1968 e 2003), e não há razão para ser diferente. Teatro e Verão conjugados significam, s<strong>em</strong>pre, Festival de Avignon. Às vezes são opostos – o Sudeste francês é abrasador, às vezes as peças são tão polémicas que há espectadores que ferv<strong>em</strong> –, mas ano após ano, durante um mês, afinamse as programações <strong>da</strong> t<strong>em</strong>pora<strong>da</strong> seguinte, negoceiam-se t<strong>em</strong>áticas e estratégias, finge-se que o discurso <strong>da</strong> arte pela arte pode existir s<strong>em</strong> depender <strong>da</strong>s condições <strong>em</strong> que é produzido. E, no entanto, ano após ano, espectáculo após espectáculo, sala cheia atrás de sala cheia, as filas de espera faz<strong>em</strong>-se para os hotéis, as lavan<strong>da</strong>rias, os restaurantes, os bilhetes, os debates e os mergulhos na piscina, já que o rio sobre o qual as meninas <strong>da</strong>nçavam há muito que está poluído (e a ponte nunca mais foi reconstruí<strong>da</strong>). E à noite (e por vezes de tarde, e muitas vezes de manhã) há teatro <strong>em</strong> ca<strong>da</strong> esquina – e não estamos a ser metafóricos. Parece, e é, um festival de Verão, ostensivo, polémico, polinsaturado, criado por Jean Vilar com o objectivo de rasgar a paisag<strong>em</strong> cultural francesa e europeia, e hoje dirigido por Hortense Archambault e Vincent Baudriller. Este ano, até 27 de Julho, a poesia e a música atravessam a programação, b<strong>em</strong> como a vontade de “pensar o colectivo” – afinal é nos anos de maior crise que as liberalizações de costumes se dão e, para mais, 2010 marca os 30 anos de uma política estratégica para o sector cultural <strong>em</strong> França. “As noções de público, de serviço público e de b<strong>em</strong> público estão na base desta programação”, explicaram os seus directores <strong>em</strong> conferência de imprensa <strong>em</strong> Maio. E porque o teatro vive dessa permanente insegurança de não saber a qu<strong>em</strong> se dirige, a programação, defini<strong>da</strong> <strong>em</strong> colaboração com os artistas associados – o encenador Christoph Marthaler (de qu<strong>em</strong> vimos “Winch Only” na Gulbenkian, <strong>em</strong> 2007) e o escritor Olivier Cadiot, inédito <strong>em</strong> 4 • Sexta-feira 16 Julho 2010 • Ípsilon Portugal –, “mergulha na reali<strong>da</strong>de” para entender o presente. E fá-lo misturando os ingredientes <strong>da</strong> cultura popular perturbados pela herança do passado, ocupando os espaços nobres do festival, <strong>em</strong> peças que são propostas de intervenção sobre a própria mecânica cénica, já que Marthaler e Cadiot são defensores de um teatro que só através <strong>da</strong> exposição do seu artificialismo se pode sustentar – ou seja, o real é algo inventado pelo próprio real. Quer isto dizer que nomes como Faustin Lyniekula, Massimo Furlan, Angélica Liddell, Gisèle Vienne, Pierre Rigal, Boris Charmatz, Phillipe Quesne (que vimos <strong>em</strong> Serralves, Maria Matos, Cit<strong>em</strong>or, Culturgest, Centro Cultural de Belém) terão <strong>em</strong> Avignon o palco aberto para uma exposição mais precisa sobre o que ain<strong>da</strong> se pode fazer a partir do interior <strong>da</strong> própria máquina teatral. Tal como Alain Platel, que apresentou “Gardenia” no passado fim-de-s<strong>em</strong>ana, feito a partir de depoimentos, e corpos, de travestis, que na sua exposição “trabalham na <strong>busca</strong> de um sentido para o termo autêntico” (“Gardenia” chega ao CCB <strong>em</strong> Fevereiro). A escolha de “artistas com percursos e discursos difíceis de descrever” responde a uma vontade de pensar o próprio festival, esse paquiderme <strong>da</strong> cena internacional, tão difícil de ignorar como de viver com ele. Tiago Bartolomeu Costa A arte pop de Murakami chega ao Palácio de Versalhes É um dos artistas cont<strong>em</strong>porâneos mais cotados no mundo, comparado a Jeff Koons, pelo “kitsch” e colorido ao estilo ban<strong>da</strong> desenha<strong>da</strong> <strong>da</strong>s suas obras, mas ain<strong>da</strong> pela legião de fãs (e também de críticos) que ambos arrastam <strong>em</strong> todo o mundo, e pela presença assídua nos museus mais importantes. Depois <strong>da</strong> retrospectiva do ano passado no Museu Guggenheim de Bilbau, e de Música Alex Turner, o líder <strong>da</strong> ban<strong>da</strong> Arctic Monkeys, compôs várias canções para o fi lme inglês “The Submarine”, as quais serão mistura<strong>da</strong>s por James Ford do grupo Simian Mobile Disco. O fi lme, dirigido pelo actor Richard Ayoade, vai estrear apenas no Murakami vai invadir Versalhes com a irreverência habitual outras exposições no Metropolitan Museum of Art de Tóquio ou no Museum of Fine Arts de Boston, o artista japonês Takashi Murakami vai expor, a partir de 14 de Set<strong>em</strong>bro, nos salões nobres e nos sumptuosos jardins do Palácio de Versalhes, <strong>em</strong> França, que <strong>em</strong> 2008 programou uma exposição de Jeff Koons. “Jeff Koons é um génio, eu sou simplesmente divertido”, disse Murakami ao jornal espanhol “ABC”, um pouco no mesmo tom com que no ano passado dizia ao “El País”: “Não sou um artista global. Sou japonês.” As suas esculturas minimalistas, os quadros de cores garri<strong>da</strong>s e traço negro, os seus balões insufláveis gigantes, os relógios, almofa<strong>da</strong>s e outros objectos <strong>em</strong> série, a sua arte atenta e desafiadora – como resume a pequena biografia do artista apresenta<strong>da</strong> no “site” do Palácio de Versalhes – chega a todo o lado, mas a ver<strong>da</strong>de é que, insiste, é a sua condição de não-ocidental que lhe mol<strong>da</strong> o olhar sobre o mundo. E isso estará reflectido na forma como se deixou inspirar pela residência real man<strong>da</strong><strong>da</strong> construir por Luís XIV. “Para um japonês como eu, o Palácio de Versalhes é um dos maiores símbolos <strong>da</strong> história ocidental”, escreve eve Murakami. “É um <strong>em</strong>bl<strong>em</strong>a ma de uma ambição de elegância, ia, de sofisticação e de arte com m que a maioria de nós apenas pode ode sonhar. (...) Talvez a Versalhes salhes <strong>da</strong> minha imaginação correspon<strong>da</strong> spon<strong>da</strong> a uma visão exagera<strong>da</strong> e transforma<strong>da</strong> e que se tenha nha tornado numa espécie de e mundo completamente à parte e irreal. Foi isso que e tentei retratar nesta exposição. Sou como o Gato Cheshire de ‘Alice no o País <strong>da</strong>s Maravilhas’ com m o seu sorriso diabólico. (...) Com um largo sorriso, convido-vos a descobrir<strong>em</strong> o País <strong>da</strong>s Maravilhas de Versalhes.” A exposição pode ser vista até 12 de Dez<strong>em</strong>bro. ETHAN MILLER/AFP CORTESIA DE: THE ESTATE OF DENNIS HOPPER próximo o ano. Foi Ayoade qu<strong>em</strong> convidou ou Turner para trabalhar ar na ban<strong>da</strong>– <strong>da</strong>– sonora do fi lme. Não ão Uma retrospectiva para Dennis Hopper Paul Newman fotografado por Hopper <strong>em</strong> 1964 É uma espécie de testamento artístico de Dennis Hopper – mês e meio após a sua morte, o Museu de Arte Cont<strong>em</strong>porânea de Los Angeles inaugurou no passado dia 11 a exposição Dennis Hopper Double Stan<strong>da</strong>rd. Trata-se <strong>da</strong> primeira retrospectiva do trabalho do realizador realizador de “Easy Easy Rider” no campo <strong>da</strong>s aartes plásticas realiza<strong>da</strong> realiz por um museu americano, abarcando os seus 60 anos de car carreira artística paral paralela ao sua “acti “activi<strong>da</strong>de oficial” oficia de actor act e realizador. re As A obras eexpostas vvão de Dennis Hopper uum quadro <strong>da</strong>tado de 1955 aaté ppeças mmais rece recentes no é a primeira vez que qu estão juntos. Richard Ri realizou vi videoclips para ca canções dos MMonkeys como “Fluorescent “F adolescent”, ado “Crying ligh lightning” ou “Cor “Cornerstone”. campo <strong>da</strong> escultura e <strong>da</strong> instalação multimédia, mas praticamente s<strong>em</strong> material anterior a 1961 (a maior parte desapareci<strong>da</strong> num incêndio desse ano que destruiu o seu estúdio). <strong>Em</strong> vi<strong>da</strong>, aliás, Hopper fora um ávido coleccionador de arte (foi o actor Vincent Price qu<strong>em</strong> lhe passou o “bichinho”), possuindo obras de artistas como Andy Warhol, Roy Lichtenstein ou Jean-Michel Basquiat, para além de publicar vários livros de fotografias e realizar várias exposições. Nunca, no entanto, ao nível <strong>da</strong> abrangência <strong>da</strong> exposição de Los Angeles, comissaria<strong>da</strong> por Julian Schnabel e que estava já pronta antes <strong>da</strong> morte de Hopper, a 29 de Maio, aos 74 anos. O título <strong>da</strong> retrospectiva, patente até 26 de Set<strong>em</strong>bro e reunindo mais de 200 peças (muitas delas cedi<strong>da</strong>s pelo próprio Hopper), v<strong>em</strong> de uma fotografia de 1961 onde se pod<strong>em</strong> ver... dois letreiros de uma estação de serviço <strong>da</strong> Stan<strong>da</strong>rd Oil. J.M.
AGENDA CULTURAL FNAC entra<strong>da</strong> livre EXPOSIÇÃO A REVOLUÇÃO DE ABRIL NO OLHAR DE CARLOS GIL Fotografias de Carlos Gil A Fnac, <strong>em</strong> parceria com a Fun<strong>da</strong>ção Mário Soares, expõe um conjunto de imagens que pretende recor<strong>da</strong>r um percurso deste país, desde o fim <strong>da</strong> ditadura até ao fim do sonho de uma revolução de esquer<strong>da</strong>. 21.07. - 21.09.2010 FNAC GAIASHOPPING Consulte todos os eventos <strong>da</strong> Agen<strong>da</strong> Fnac, assim como outros conteúdos culturais <strong>em</strong> http://cultura.fnac.pt Apoio: entra<strong>da</strong> livre LANÇAMENTO PENSAR AMÁLIA/ AMÁLIA DOS POETAS POPULARES AOS POETAS CULTIVADOS Rui Vieira Nery & Vasco Graça Moura Rui Vieira Nery e Vasco Graça Moura dão a conhecer os seus pensamentos e o olhar sobre os fados, a voz e os poetas que Amália Rodrigues cantou. 20.07. 18H30 FNAC COLOMBO 23.07. 18H30 FNAC CHIADO AO VIVO JORGE FERRAZ TRIO Humanos Abençoados e Outros Contos Jorge Ferraz Trio apresenta ao vivo um espectáculo de música, poesia e imag<strong>em</strong>, <strong>em</strong> suma, a porta de entra<strong>da</strong> para um mundo de GuitarTrónica e canções de adeus com ruídos, ritmos e imagens. 16.07. 18H30 FNAC CHIADO 17.07. 21H30 FNAC COLOMBO AO VIVO FILHO DA MÃE Novos Talentos Fnac 2010 Numa mescla entre a guitarra portuguesa e a clássica, o novo trabalho deste artista de Lisboa já t<strong>em</strong> um t<strong>em</strong>a integrado na compilação Novos Talentos Fnac 2010. 18.07. 17H00 FNAC CASCAISHOPPING 23.07. 22H00 FNAC ALGARVESHOPPING 30.07. 22H00 FNAC LEIRIASHOPPING AO VIVO PINTO FERREIRA Pinto Ferreira Os Pinto Ferreira são responsáveis por canções que viajam por ambientes bipolares entre sentimentalismos ingénuos, amores obsessivos e a estupidez humana. 23.07. 22H00 FNAC ALMADA 24.07. 17H00 FNAC COIMBRA 24.07. 22H00 FNAC LEIRIASHOPPING APRESENTAÇÃO AO VIVO LANÇAMENTO EXPOSIÇÃO
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