13.04.2013 Views

Untitled - Sociedade Brasileira de Estudos em Sexualidade Humana

Untitled - Sociedade Brasileira de Estudos em Sexualidade Humana

Untitled - Sociedade Brasileira de Estudos em Sexualidade Humana

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

R.B.S.H. 5(2):1994<br />

143<br />

Françoise Dolto analisa como se dá a estruturação do erotismo da<br />

menina, e o faz numa perspectiva <strong>de</strong>senvolvimentista, histórica e construtivista.<br />

Des<strong>de</strong> os primeiros momentos, a acolhida ou <strong>de</strong>sapontamento dos<br />

pais face à chegada do bebê menina, a felicida<strong>de</strong> ou tristeza manifestada<br />

por ela ser uma mulher, a presteza ou hesitação com que lhe confer<strong>em</strong> um<br />

nome, se este nome é f<strong>em</strong>inino ou neutro, os comentários acerca <strong>de</strong> sua<br />

aparência, saú<strong>de</strong> ou beleza, tudo referencia já, se ela está sendo benvinda à<br />

vida, se ela será aceita e amada como mulher. As atitu<strong>de</strong>s dos pais, as<br />

coisas ditas consciente ou inconscient<strong>em</strong>ente, são el<strong>em</strong>entos com os quais<br />

o bebê menina vai construindo uma imag<strong>em</strong> <strong>de</strong> si, vai se narcisando ou se<br />

rejeitando <strong>em</strong> seu sexo e sua pessoa. O sexo biológico não lhe <strong>de</strong>fine ser<br />

mulher. A f<strong>em</strong>inilida<strong>de</strong> vai se construindo <strong>em</strong> meio à linguag<strong>em</strong> circundante,<br />

<strong>em</strong> meio às expressões <strong>de</strong> aprovação, <strong>de</strong> consi<strong>de</strong>ração e <strong>de</strong> alegria<br />

por seu sexo. Isto é transmitido pelos adultos, mas sobretudo pela mãe<br />

quando expressa ou não o orgulho <strong>de</strong> ser mulher. E nesse espelho mãe, que<br />

a menina <strong>em</strong> <strong>de</strong>senvolvimento vai conferir, legitimar e reconhecer a dor e<br />

a <strong>de</strong>lícia <strong>de</strong> ser mulher.<br />

O <strong>de</strong>senvolvimento da motricida<strong>de</strong> proporciona a <strong>de</strong>scoberta do<br />

corpo, e toma-se uma oportunida<strong>de</strong> progressiva para se fazer a nomeação<br />

<strong>de</strong> cada uma <strong>de</strong> suas partes, inclusive <strong>de</strong> seu sexo. Oxalá não se use para<br />

isto, termos <strong>de</strong>preciativos. Euf<strong>em</strong>ismos, apelidos, po<strong>de</strong>m ser usados, como<br />

uma espécie <strong>de</strong> sobrenome do sexo, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que não se omita o verda<strong>de</strong>iro<br />

nome. Que não haja pudores <strong>de</strong> se nomear a vulva, o clitóris, a vagina, etc.<br />

“O que não t<strong>em</strong> nome não é nada”, diz F. Dolto (1). Se nada é dito acerca<br />

do sexo, isso por si só gera uma tensão, que po<strong>de</strong> tornar compulsiva a<br />

manipulação dos genitais, como uma tentativa <strong>de</strong> <strong>de</strong>svendar o mistério do<br />

não dito, uma espécie <strong>de</strong> busca inconsciente <strong>de</strong> confirmação <strong>de</strong>stas partes<br />

silenciadas. O papel do adulto é confirmar que ela é uma menina <strong>em</strong> seu<br />

sexo, que isso é bom, e que as diversas partes <strong>de</strong> seu corpo que ela está<br />

tocando e reconhecendo, lhe dão prazer. Isso legitima e registra como positivo,<br />

o que ela experimenta <strong>em</strong> seu corpo. Aí as dimensões do permitido/proibido<br />

vão ser fundamentais ao <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> uma sensualida<strong>de</strong><br />

sadia Quando ela <strong>de</strong>scobre a diferença sexual <strong>em</strong> relação ao menino<br />

é preciso dizer-lhe que é nessa diferença que ela é uma menina, que ela é<br />

como a mãe, que é bonito ser mulher, que ter vulva <strong>de</strong> menina é tão importante<br />

como ter pênis <strong>de</strong> menino. Isso lhe alicercará nela a percepção <strong>de</strong> que<br />

as diferenças constitu<strong>em</strong> a beleza <strong>de</strong> sermos homens e mulheres, s<strong>em</strong> referência<br />

a qualquer hierarquia entre os sexos.<br />

A curiosida<strong>de</strong> natural acerca da intimida<strong>de</strong> dos pais, será el<strong>em</strong>ento<br />

<strong>de</strong> valorização do relacionamento amoroso, se lhe for<strong>em</strong> respondidas com<br />

transparência as questões daí provenientes. E hora <strong>de</strong> <strong>de</strong>svendar-lhe o mistério<br />

que envolve a cena primordial que dá orig<strong>em</strong> à vida. A chegada da<br />

menarca, se referida como promoção, sinal <strong>de</strong> f<strong>em</strong>inilida<strong>de</strong> e prontidão

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!