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Untitled - Sociedade Brasileira de Estudos em Sexualidade Humana

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sentido mais profundo que subjaz no erotismo. Paradoxalmente, na maioria<br />

dos casos, quanto mais as representações são explícitas, menos se<br />

alcança a s<strong>em</strong>ântica da experiência erótica.<br />

Esses equívocos <strong>de</strong>corr<strong>em</strong>, talvez, da própria sutileza do fato erótico.<br />

Ou da sua complexida<strong>de</strong>. A busca alucinada <strong>em</strong> direção ao erótico po<strong>de</strong><br />

transformar-se na impossibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> encontrá-lo. Talvez não seja preciso<br />

buscar; ele está <strong>em</strong> nós e nos outros, invisível e tão sutil quanto tentador.<br />

Po<strong>de</strong>mos, então, alargar o sentido do erotismo. Po<strong>de</strong>mos também<br />

percebê-lo, misticamente, como uma das formas <strong>de</strong> <strong>em</strong>anação energética<br />

do ser. Po<strong>de</strong> estar <strong>em</strong> tudo e <strong>em</strong> todos mas não se <strong>de</strong>ixa tão facilmente<br />

<strong>de</strong>svendar. Por isso, o erotismo po<strong>de</strong> gerar obsessões, <strong>de</strong>sejos fixos cuja<br />

realização se torna possível.<br />

Para on<strong>de</strong> vamos nesse caminho tão fascinante quanto assustador?<br />

Move-nos talvez a alucinação <strong>de</strong> querer ver no escuro. Violenta-nos o <strong>de</strong>sejo<br />

epistêmico, cujo limite é a consciência <strong>de</strong> que há zonas in<strong>de</strong>vassáveis. O<br />

erotismo não se <strong>de</strong>ixa dizer e a luta será <strong>de</strong>sigual. O t<strong>em</strong>a vai além da<br />

banalida<strong>de</strong> das palavras. A tentativa po<strong>de</strong>rá não passar da frustração, mas<br />

manter-se-á eroticamente no <strong>de</strong>sejo.<br />

Assim, s<strong>em</strong> entrever certezas conceituais, afirmamos que o erotismo<br />

está no Hom<strong>em</strong>. Mas é o Hom<strong>em</strong>, na evidência dos seus contrários,<br />

na sua antinomia, na interseção da sua humanida<strong>de</strong> com a sua animalida<strong>de</strong>.<br />

Por causa disso, a verbalização do erotismo implica afirmações que po<strong>de</strong>m<br />

negar-se entre si. Estabelecer mo<strong>de</strong>los verbais ou procurar métodos científicos<br />

é a via contrária Se se trata <strong>de</strong> uma questão que envolve a totalida<strong>de</strong>,<br />

som<strong>em</strong> todos os ramos do conhecimento e observ<strong>em</strong>os que a insuficiência<br />

permanece.<br />

Tudo o que já se escreveu sobre a sexualida<strong>de</strong> humana, por ex<strong>em</strong>plo,<br />

fica aquém do <strong>de</strong>svanecimento que a experiência erótica possibilita. O<br />

perigo é reduzir o erotismo à sexualida<strong>de</strong> e <strong>de</strong>sconhecer o que ficou além,<br />

o que alcançou o inaudível.<br />

Estamos no campo do excêntrico.<br />

Talvez esteja na arte <strong>de</strong> modo geral e na literatura, <strong>em</strong> particular, o<br />

caminho epistêmico da experiência erótica para além <strong>de</strong> si mesma. Por<br />

isso, a opção <strong>de</strong>ste trabalho é a literatura. Mas é preciso, antes, esten<strong>de</strong>r o<br />

olhar à representação cultural do erotismo, cujos probl<strong>em</strong>as reflet<strong>em</strong> a<br />

natureza paradoxal do t<strong>em</strong>a.<br />

2. Erotismo: cultura e representação<br />

R.B.S.H. 5(2):1994<br />

É preciso discernir a controvérsia <strong>em</strong> torno da representação cultural<br />

do erotismo. Como estamos vivendo na era da imag<strong>em</strong> visual, as diver-

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