13.04.2013 Views

Untitled - Sociedade Brasileira de Estudos em Sexualidade Humana

Untitled - Sociedade Brasileira de Estudos em Sexualidade Humana

Untitled - Sociedade Brasileira de Estudos em Sexualidade Humana

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

154<br />

R.B.S.H. 5(2):1994<br />

palavras, a passag<strong>em</strong> do habitual ao erótico implica o rompimento do equilíbrio<br />

da or<strong>de</strong>m o dos limites impostos pela razão.<br />

Em primeiro lugar, no extr<strong>em</strong>o do possível, tudo se <strong>de</strong>smorona:<br />

até mesmo o edifício da razão, um instante <strong>de</strong> corag<strong>em</strong> insensata,<br />

e sua majesta<strong>de</strong> dissipa-se; o que subsiste, no limite, como<br />

um pedaço <strong>de</strong> muro vacilando, aumenta, e não acalma, o sentimento<br />

vertiginoso. (Bataille 1992:46)<br />

Ora, se o erotismo pu<strong>de</strong>r ser atendido <strong>de</strong>ssa forma, ver<strong>em</strong>os como<br />

seu conceito po<strong>de</strong> ser redimensionado. A condição para a realização da<br />

viag<strong>em</strong> que <strong>de</strong>sloca o sujeito ao término do possível não é outra senão o<br />

<strong>de</strong>svio das normas <strong>em</strong> que está sedimentado o real. E transgredindo,<br />

rompendo o cerco dos limites impostos pelos interditos culturais, que se<br />

torna possível a experiência interior, capaz <strong>de</strong> proporcionar a percepção <strong>de</strong><br />

um novo tipo <strong>de</strong> conhecimento.<br />

Dessa forma, visto como experiência que implica a reversão dos<br />

limites instituídos pela realida<strong>de</strong> e seus interditos epistêmicos, o erotismo<br />

po<strong>de</strong> ser compreendido <strong>em</strong> sua natureza essencialmente transgressora. Nas<br />

socieda<strong>de</strong>s, <strong>de</strong> modo geral, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte do t<strong>em</strong>po e do espaço, o interdito<br />

está na gênese da conduta erótica, cuja transgressão é possível porque<br />

exist<strong>em</strong> as proibições. Assim, a relação entre o erotismo, o interdito e a<br />

transgressão é profunda e essencial para a compreensão do t<strong>em</strong>a:<br />

O conhecimento do erotismo ou da religião exige uma experiência<br />

pessoal, igual e contraditória do interdito e da transgressão.<br />

(Bataille, 1987:33)<br />

Na verda<strong>de</strong>, o conjunto <strong>de</strong> normas, limites ou imposições, que varia<br />

<strong>de</strong> época para época ou <strong>de</strong> lugar para lugar, pararadoxalmente, não suprime<br />

o erótico, mas torna-se ao contrário, a força necessária para a afirmação da<br />

sua existência, fazendo da transgressão a condição fundamental da experiência<br />

erótica Em primeiro lugar, pens<strong>em</strong>os no mundo do trabalho, para o<br />

qual o hom<strong>em</strong> <strong>de</strong>stina gran<strong>de</strong> parte da sua força. A energia canalizada para<br />

o trabalho representa perda na erotização:<br />

Aliás, uma sexualida<strong>de</strong> livr<strong>em</strong>ente transbordante diminui a<br />

aptidão para o trabalho, da mesma forma que um trabalho contínuo<br />

diminui a fome sexual. (Bataille, 1987:152)<br />

Ora, inserido no mundo do trabalho, que se or<strong>de</strong>na pela razão convencional<br />

e para o qual <strong>de</strong>stina parte da sua energia, o ser humano, ao viver<br />

a experiência interior do erotismo, sente-a como uma oposição violenta e

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!