13.04.2013 Views

Untitled - Sociedade Brasileira de Estudos em Sexualidade Humana

Untitled - Sociedade Brasileira de Estudos em Sexualidade Humana

Untitled - Sociedade Brasileira de Estudos em Sexualidade Humana

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

152<br />

R.B.S.H. 5(2):1994<br />

erotismo. Hoje, falar <strong>em</strong> erótico implica consi<strong>de</strong>rar o pornográfico. Mas<br />

entre Baudrillard e Barthes que con<strong>de</strong>nam, e Sontag, que reabilita a<br />

pornografia, situa-se o probl<strong>em</strong>a central: a dificulda<strong>de</strong> dos limites, causada<br />

pela sobreposição erótico/sexo-visual que se corporifica <strong>em</strong> livros,<br />

revistas, filmes, enfim, nas mais diversas produções da cultura. E, portanto,<br />

<strong>de</strong>ntro da relativida<strong>de</strong>, característica do que é cultural, que o probl<strong>em</strong>a<br />

po<strong>de</strong> ser encarado:<br />

Sabe-se muito b<strong>em</strong> que aquilo que uns consi<strong>de</strong>ram pornográfico<br />

não o é para outros, e ai pesam não só as diferenças históricas,<br />

étnicas ou culturais, mas, também as subjetivas e individuais.<br />

A variabilida<strong>de</strong> dos critérios que julgam se uma obra é ou não<br />

pornográfica é tão gran<strong>de</strong> que além da referência geral à sexualida<strong>de</strong>,<br />

pouco mais po<strong>de</strong> se dizer <strong>de</strong>les. Vários livros que hoje são<br />

consi<strong>de</strong>rados clássicos da literatura, outrora foram acusados <strong>de</strong><br />

obscenos e proibidos sumariamente. (Moraes, 1985:11)<br />

Dessa forma, nosso olhar sobre o erotismo não se dirige <strong>em</strong> busca<br />

<strong>de</strong> <strong>de</strong>finições, <strong>de</strong> verda<strong>de</strong>s a encontrar e proclamar. Estamos <strong>de</strong>ntro do<br />

caminho do risco, s<strong>em</strong> dados a assegurar fatos, s<strong>em</strong> mo<strong>de</strong>los a oferecer,<br />

s<strong>em</strong> garantias. O conceito <strong>de</strong> erotismo e sua representação encontra-se<br />

interligado a tudo o que a socieda<strong>de</strong> vê como erótico, recebe-o e assim o<br />

rotula. Reconhecendo a dificulda<strong>de</strong> para o esboço <strong>de</strong> fronteiras, não vamos<br />

instituir a representação pornográfica como antítese da erótica.<br />

O que t<strong>em</strong>os a constatar é que há, por vezes, a sobreposição, porque<br />

<strong>em</strong> se tratando <strong>de</strong> cultura não há fatos estanques, há possibilida<strong>de</strong>s que se<br />

interligam. Entretanto, se, por um lado, não po<strong>de</strong>mos relegar a possibilida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> interseção entre a representação erótica e a pornográfica, por outro,<br />

ver<strong>em</strong>os a impossibilida<strong>de</strong> da redução, O erotismo não po<strong>de</strong> ser reduzido<br />

ao obsceno, porque nele não se esgota: o que perfaz o erotismo é sua<br />

dimensão intrinsecamente humana.<br />

Há um saber inerente à experiência erótica; um saber específico,<br />

diferente, tão diferente e inusitado que promove a constituição <strong>de</strong> um<br />

sentido que nenhuma outra experiência humana comporta. Por isso, o<br />

erotismo não po<strong>de</strong> transformar-se <strong>em</strong> mercadoria n<strong>em</strong> assimilar o fetiche<br />

dos objetos.<br />

Enten<strong>de</strong>ndo a relativida<strong>de</strong> cultural do conceito e da representação e<br />

rejeitando posições proscritivas ou preconceituosas, acreditamos que há<br />

um sentido subjacente no erotismo, <strong>em</strong> busca do qual direcionamos esse<br />

trabalho. Dessa forma vamos, <strong>em</strong> seguida, reconsi<strong>de</strong>rar o terno erotismo<br />

através dos conceitos da transgressão erótica e do conhecimento que ela<br />

faculta ao sujeito.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!