amente do passado, é antes do presente desse imponderável passado, mesmo quando se tem acesso a provas estudiosas e a documentos concretos de que ele existiu como parece ter existido. Mas quem alcançará vencer a, ou as ideologias de cada época que se debruça sobre o passado? Não é uma questão de incompetência, é uma questão de impossibilidade. Se nos é, a nós, tão difícil saber hoje o que se está a passar, por isto e por aquilo, que os argumentos são sempre vários e sempre repetidos exaustivamente, não escapando contudo de se cingiram a simples opiniões, como termos a pretensão de conhecer o que já nem é? Tanto que se vive, tanto que se escreve, o que é e será feito desse tanto? As palavras são limitadíssimas. Não conseguem abarcar a totalidade do que nos faz real e realidade, sugerem apenas o que poderá ser do que está sendo, esboçam sentidos onde muitas vezes nem sequer há sentidos, mas apenas duvidosos acontecimentos escapulindo-se de qualquer consciência ou de qualquer domínio linguístico. Como algures já escrevi, a língua não é, como queria Heidegger, a casa do ser, e o ser pode não passar de um sem-abrigo. Apesar de todo este arrazoado, e talvez contradizendo-me, o que não seria um acaso ou um caso muito improvável, penso que estas amostras agora desvendadas convencerão definitivamente os amigos de que esses livros, figurando como pertença de uma obra, existem realmente, mesmo se postergados para a escória silenciosa de gavetas mais ou menos existenciais. E ainda haveria a falar, já agora, dos cinco ou seis livros escritos em francês, quando vivia em Paris. Felizmente, ou talvez não, tenho a comprovação publicada do Les Trois Ages. Mas, mesmo que inserisse ou tivesse inserido alguns desses textos desses livros na concomitância clangorosa deste livro, quem os leria numa época em que o inglês é a língua franca? Franca, não disse francesa. Digo-me muitas vezes, talvez absurdamente, “Ah, se eu tivesse nascido nos States!” Se todos os lugares são bons para se morrer, como dizia ou disse o outro, nem todos os lugares são bons para se nascer! 19/11/2012 110
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O AMOR Afazeres. Lavar o chão da c
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A BAIXA A baixa ensurdecedora. Auto
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AQUI Nada melhor do que estar-se no
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UMA CENA A casa. O quarto. A cama.
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O PRAZER O prazer, pressentir a cas
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NADAR Mergulhar nas águas frias de
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ÁGUA Água entardecida nos canteir
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DO MUNDO Não compreender as coisas
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NO CRUZAMENTO Vai o automóvel pela
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O DESEJO Uma emoção enlaça a sen
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CLONAGNÓIA A deambulação simples
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CONVERSAÇÃO CATACRÉTICA Mas tens
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