Pedro Bandeira A Droga da Obediência
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29. E o Doutor Q.I.?<br />
O detetive Andrade tinha ficado de boca aberta:<br />
- Mas como, Miguel? Como eu posso deixar vocês fora disso? Você,<br />
Chumbinho, Magrí, Calú e Crânio foram os ver<strong>da</strong>deiros detetives que<br />
desmascararam a quadrilha <strong>da</strong> <strong>Droga</strong> <strong>da</strong> <strong>Obediência</strong>. Vocês são heróis de<br />
ver<strong>da</strong>de! A imprensa precisa saber disso. Todo mundo precisa saber disso!<br />
Enquanto esperavam a chega<strong>da</strong> dos carros <strong>da</strong> polícia para levar os<br />
bandidos <strong>da</strong> Pain Control, Miguel negava com firmeza:<br />
- Por favor, detetive Andrade. Nós não queremos que ninguém fique<br />
sabendo <strong>da</strong> nossa participação nesse caso. Queremos ficar na sombra. A glória<br />
deve ser to<strong>da</strong> sua. Diga que nós fomos seqüestrados como os outros garotos e<br />
que o senhor nos salvou a todos. Não queremos aparecer.<br />
- Mas por quê?<br />
- Temos nossas razões. Por favor, não pergunte quais são.<br />
***<br />
Andrade tinha sido obrigado a concor<strong>da</strong>r. Por isso, desde o dia anterior<br />
até à manhã <strong>da</strong>quela sexta-feira, cinco dias depois que Miguel tinha convocado<br />
os Karas para a emergência máxima, a imprensa de todo o país estava fazendo<br />
um estar<strong>da</strong>lhaço nunca visto em torno de Andrade.<br />
Era o herói que todos aplaudiam. O cérebro dedutivo que, “sozinho”,<br />
havia descoberto a pista <strong>da</strong>queles seqüestros tão misteriosos. O policial<br />
destemido que, sem a aju<strong>da</strong> de ninguém, havia penetrado no covil dos raptores<br />
e prendido a quadrilha to<strong>da</strong>. Mais de vinte bandidos!<br />
Era a glória <strong>da</strong> polícia de São Paulo. O servidor dedicado, cujo heroísmo<br />
apagava a vergonha que o corrupto detetive Rubens causara a todos os<br />
policiais.<br />
Andrade recusou to<strong>da</strong>s as homenagens. Tinha cumprido com o seu dever<br />
e não queria bajulações. Já estava envolvido com outro caso e não tinha tempo<br />
para na<strong>da</strong>. A única entrevista não-oficial que aceitou conceder foi quando o<br />
professor Cardoso, o diretor do Colégio Elite, convocou-o para uma reunião na<br />
sala <strong>da</strong> diretoria.<br />
Enquanto atravessava o pátio do Elite, Andrade viu-se cercado pela