Pedro Bandeira A Droga da Obediência
Pedro Bandeira A Droga da Obediência
Pedro Bandeira A Droga da Obediência
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
- Onde estou? O que está acontecendo? O que está havendo comigo?<br />
Chumbinho agarrou o colega pelos ombros, cheio de esperança.<br />
- Bronca! Que bom! Você está acor<strong>da</strong>ndo! Olhe pra mim. Eu sou<br />
Chumbinho, seu colega do Elite, aquele do fliperama. Lembra-se de mim?<br />
- Chumbinho? - Bronca ain<strong>da</strong> estava meio tonto. - O que você está fazendo<br />
aqui? - O que eu estou fazendo aqui? O que está havendo?<br />
- Não temos muito tempo para explicações, Bronca. Você tomou uma<br />
droga que o Bino ofereceu lá no Elite, não se lembra?<br />
- Bino? Elite? Sim...<br />
- Aquela era a <strong>Droga</strong> <strong>da</strong> <strong>Obediência</strong>, Bronca. Uma droga terrível que<br />
transformou você num morto-vivo. Veja, todos os outros garotos estão<br />
drogados. Mas você não está mais. Eu troquei o comprimido que você devia<br />
tomar por uma bolinha de papel!<br />
- <strong>Droga</strong> <strong>da</strong> <strong>Obediência</strong>? Que história é essa?<br />
- Fique firme, Bronca. Temos de encontrar um jeito de cair fora <strong>da</strong>qui.<br />
Finja que está drogado. Faça tudo direitinho como os outros. Finja que está<br />
obedecendo às ordens. Essa gente é perigosa! Eles...<br />
- Me larga! - berrou Bronca. - Que negócio é esse? Quero ir embora <strong>da</strong>qui!<br />
Atrás do amigo assustado, Chumbinho viu, na porta do banheiro, dois<br />
empregados que olhavam surpresos aquela discussão. Bronca desvencilhou-se<br />
<strong>da</strong>s mãos de Chumbinho e correu para a porta, na direção dos empregados.<br />
- Sai <strong>da</strong> frente! Quero sair <strong>da</strong>qui! O que vocês estão pensando?<br />
Os dois empregados tentaram agarrar Bronca, mas o garoto era forte e<br />
estava enfezadíssimo. Com dois safanões, abriu caminho entre os dois e correu<br />
pelo dormitório. Os empregados e Chumbinho correram atrás. Bronca abriu a<br />
porta do dormitório e enfiou-se por um longo corredor.<br />
- Pega! Não deixa fugir!<br />
Chumbinho viu quando Bronca empurrou um funcionário que tentava<br />
barrar-lhe o caminho. O sujeito caiu, mas, de joelhos, sacou um revólver e<br />
apontou para as costas do macacão azul, onde estava bor<strong>da</strong>do D. O. 19.<br />
Um clarão, e o corpo do Bronca foi arremessado para a frente, como se<br />
tivesse tropeçado.<br />
Quando Chumbinho chegou junto ao colega, um orifício negro enfeitava a<br />
letra D. O menino ajoelhou-se junto ao cadáver e sussurrou, tomando-lhe a mão<br />
esquer<strong>da</strong> nas suas:<br />
À sua volta, um grupo de empregados discutia excita<strong>da</strong>mente:<br />
- O que houve? Esses garotos não tomaram a droga?<br />
- Sei lá! Eu mandei tomar!<br />
- Aqui tem coisa!