Pedro Bandeira A Droga da Obediência
Pedro Bandeira A Droga da Obediência
Pedro Bandeira A Droga da Obediência
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
12. Assalto ao banco!<br />
Através <strong>da</strong>s vidraças do laboratório de bioquímica <strong>da</strong>va para avistar todo<br />
o pátio interno <strong>da</strong> Pain Control. E foi por ali que Márius Caspérides viu<br />
caminhando rapi<strong>da</strong>mente, em direção ao laboratório, os três horríveis<br />
encarregados <strong>da</strong> segurança <strong>da</strong> indústria. Caspérides nunca soube como se<br />
chamavam, mas, para si mesmo, costumava pensar neles como o Coisa, o<br />
Animal e o Fera, pois, pelo jeito, aqueles homens não eram de brincadeira.<br />
E, pelo modo como se aproximavam, iluminados pelo dia que chegava, o<br />
Coisa, o Animal e o Fera não estavam para brincadeiras.<br />
Cansado pela noite sem dormir, atordoado pela conversa com o Doutor<br />
Q.I., Márius Caspérides viu uma luz vermelha acender-se dentro de sua cabeça:<br />
perigo, perigo, perigo!<br />
Sim, sim, sim. Ele havia gritado com o Doutor Q.I., ele havia se colocado<br />
contra o Doutor Q.I. Pelo tom de voz <strong>da</strong>quele chefe sem nome e sem rosto,<br />
havia perigo no ar. A humani<strong>da</strong>de estava em perigo com o uso <strong>da</strong> <strong>Droga</strong> <strong>da</strong><br />
<strong>Obediência</strong> que ele, o bioquímico Márius Caspérides, havia criado. E ele, o<br />
bioquímico Márius Caspérides, estava agora em perigo por ter-se oposto ao uso<br />
<strong>da</strong> droga que ele mesmo criara.<br />
Tentou raciocinar. Ele só conhecia os três capangas de vista. Nem sabia o<br />
nome deles. Na certa, os três também não o conheciam direito e poderiam<br />
muito bem confundi-lo com qualquer um dos inúmeros técnicos que<br />
trabalhavam na Pain Control.<br />
Foi o tempo de decidir-se, guar<strong>da</strong>r os óculos no bolso, pegar uma vassoura<br />
esqueci<strong>da</strong> a um canto, e os três brutamontes abriram a porta violentamente.<br />
- Ei, você aí! - berrou o Animal. - Onde está o tal Mário Caspa-não-sei-de-<br />
quê?<br />
- Hum, é comigo? - perguntou Caspérides, fazendo-se de desentendido e<br />
fingindo que varria o chão.<br />
- É claro que é com você, seu idiota!<br />
- Sim, sim, sim, desculpe... Acho que ele está lá, no fim do corredor, no<br />
laboratório de engenharia genética. Trabalhou a noite to<strong>da</strong>, coitado...<br />
Os três correram para onde apontava o falso faxineiro e Márius<br />
Caspérides saiu rapi<strong>da</strong>mente pela porta por onde eles tinham entrado.