Pedro Bandeira A Droga da Obediência
Pedro Bandeira A Droga da Obediência
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O guar<strong>da</strong> chegou com o prisioneiro Zé <strong>da</strong> Silva algemado e bateu na porta<br />
do doutor Boanerges.<br />
- Entre - ordenou uma voz lá de dentro.<br />
Os dois entraram em uma sala vazia. De uma porta tranca<strong>da</strong>, a voz<br />
comandou:<br />
- Deixe o prisioneiro aí. Saia, feche a porta e fique montando guar<strong>da</strong>.<br />
- Onde o senhor está, doutor? - perguntou o guar<strong>da</strong>.<br />
- Estou no banheiro, seu idiota!<br />
- É que eu não posso...<br />
- Você só pode fazer o que eu man<strong>da</strong>r! Cumpra a ordem, já!<br />
- S... s... sim, doutor!<br />
No momento em que a porta <strong>da</strong> sala foi fecha<strong>da</strong>, o prisioneiro viu,<br />
surpreso, um rapazinho sair do banheiro.<br />
- Caspérides? O senhor é o bioquímico Márius Caspérides, eu suponho...<br />
- Sim, sim, sim, não, não, não! Sou Zé <strong>da</strong> Silva, o perigoso assaltante!<br />
- Sou amigo, seu Caspérides. Tenho uma foto sua. Pode esquecer o seu<br />
disfarce. Meu nome é Calú. Precisamos libertá-lo!<br />
O prisioneiro estava apavorado:<br />
- Não, não, não! Eu não quero ser libertado. Sou um perigoso meliante!<br />
- Há muito tempo não se fala mais meliante, seu Caspérides. Pode confiar<br />
era mim. Nós já sabemos <strong>da</strong> <strong>Droga</strong> <strong>da</strong> <strong>Obediência</strong>. Precisamos do senhor para<br />
libertar nossos amigos, para libertar mais de vinte garotos que estão sendo<br />
usados como cobaias para testar a <strong>Droga</strong> <strong>da</strong> <strong>Obediência</strong>!<br />
O prisioneiro titubeou:<br />
- Mais de vinte? Meu Deus!<br />
- E isso mesmo. Só que não temos nenhuma pista de onde estejam os<br />
garotos. E não podemos confiar na polícia. Os seqüestradores têm policiais<br />
fazendo o jogo deles.<br />
- E onde está o delegado que estava falando lá do banheiro?<br />
- Não tem delegado nenhum, seu Caspérides. Era eu. Uma <strong>da</strong>s minhas<br />
especiali<strong>da</strong>des é imitar vozes. O delegado que ocupa esta sala telefonou para cá<br />
dizendo que vai se atrasar. Sorte que quem atendeu fui eu. Assim, foi fácil<br />
imitar a voz dele para trazer o senhor até esta sala. Vamos, seu Caspérides!<br />
Confie em mim! Não temos muito tempo. Dois dos rapazes já foram<br />
assassinados!<br />
queria...<br />
- Assassinados?! Não é possível! Tudo culpa minha!<br />
- Culpa sua? Por quê?<br />
- Fui eu que criei a <strong>Droga</strong> <strong>da</strong> <strong>Obediência</strong>. Mas eu não pretendia... eu não