Pedro Bandeira A Droga da Obediência
Pedro Bandeira A Droga da Obediência
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ele gostava de valorizar a própria inteligência e capaci<strong>da</strong>de de resolver enigmas<br />
complicados. Os Karas conheciam a vai<strong>da</strong>de do amigo e sabiam que era melhor<br />
<strong>da</strong>r cor<strong>da</strong> e deixar que ele explicasse o seu raciocínio do modo que gostava.<br />
- Vou dizer a vocês o que eu faria se fosse Márius Caspérides. Ele é um<br />
cientista genial, um privilegiado, e na certa pensou a mesma coisa que eu. Se eu<br />
estivesse fugindo de bandidos armados e não tivesse outra saí<strong>da</strong>, eu<br />
simplesmente entraria em um banco gritando que aquilo era um assalto e me<br />
deixaria prender com a maior facili<strong>da</strong>de!<br />
- Mas, se houvesse bandidos infiltrados na polícia, você seria<br />
desmascarado logo ao chegar na delegacia!<br />
- Talvez não. Se os policiais-bandidos não conhecessem direito a minha<br />
cara, bastaria eu <strong>da</strong>r um nome falso ao ser preso. Um nome como Zé <strong>da</strong> Silva,<br />
por exemplo!<br />
- Quer dizer que...<br />
- Que Zé <strong>da</strong> Silva e Márius Caspérides são a mesma pessoa!<br />
***<br />
A hipótese de Crânio parecia a idéia mais maluca do mundo, mas era<br />
genial em sua simplici<strong>da</strong>de. Se o garoto estivesse certo, o bioquímico Márius<br />
Caspérides estaria preso, naquele mesmo instante, na mesma delegacia de onde<br />
tinham sido libertados os três brutamontes, na mesma delegacia dos detetives<br />
Rubens e Andrade.<br />
- Só tem uma coisa, Karas - lembrou Calú. - Zé <strong>da</strong> Silva é o nome mais<br />
comum deste país. Há centenas de Zés <strong>da</strong> Silva presos em São Paulo. Na certa,<br />
só naquela delegacia deve haver uma meia dúzia. Precisamos de um plano<br />
para...<br />
- Karas - interrompeu Magrí. - Vocês estão esquecendo de uma coisa:<br />
Miguel ain<strong>da</strong> não apareceu!<br />
- Bom, Magrí, vai ver ele encontrou o falso Bino e...<br />
- Não adianta discutir isso agora - decidiu Crânio. - O dia ain<strong>da</strong> não<br />
amanheceu, e tudo o que a gente pode fazer tem de ser pela manhã. Estamos<br />
exaustos. Vamos aproveitar essas horinhas para dormir um pouco.<br />
Ajeitaram-se como puderam no forro do vestiário. Aqueles três dias<br />
tinham sido exaustivos, mesmo para os Karas. E o dia que estava para vir<br />
prometia mais ação ain<strong>da</strong>.<br />
Crânio fechou os olhos e sonhou com Magrí em seus braços, sem arames<br />
nos dentes.<br />
Magrí custou a pegar no sono. A fraca luz <strong>da</strong> lua, que se filtrava através