Pedro Bandeira A Droga da Obediência
Pedro Bandeira A Droga da Obediência
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aprender que as coisas são relativas, não é? Que a ver<strong>da</strong>de tem várias facetas,<br />
não é?<br />
O professor Cardoso recuou, como se fosse empurrado pelas palavras de<br />
Miguel.<br />
- O que é isso? Uma brincadeira?<br />
- Não é uma brincadeira, professor Cardoso. Ou devo dizer Doutor Q.I.?<br />
O homem estava branco como papel. Continuou recuando até encontrar a<br />
sua grande mesa de diretor e olhou suplicante para Andrade.<br />
- Detetive Andrade! O senhor está fazendo parte deste jogo?<br />
- Eu não estava, professor... Doutor... sei lá! Não estava, mas agora estou.<br />
Vou acabar me acostumando a ser envolvido pelas estripulias desses garotos!<br />
- Isso é um abuso! - protestou o acusado. - Sou o diretor deste colégio e<br />
não admito ser desrespeitado dessa maneira! Eu dirijo um colégio democrático,<br />
um modelo de educação liberal que...<br />
- Excelente disfarce, não é, Doutor Q.I.? - interrompeu Miguel. - Quem<br />
haveria de desconfiar que o respeitabilíssimo e ultraliberal diretor do Colégio<br />
Elite pudesse organizar a experiência mais ditatorial e demente que já existiu?<br />
O rosto do homem passou do pálido ao rubro, e sua voz saiu carrega<strong>da</strong> de<br />
ódio assassino:<br />
- Maldito! Moleque maldito! Eu devia ter man<strong>da</strong>do matar você no<br />
primeiro minuto! Fui acreditar na sua inteligência e você destruiu tudo!<br />
Ignorante! Você destruiu a salvação <strong>da</strong> humani<strong>da</strong>de! Estúpido!<br />
Mesmo enquanto Andrade o arrastava para fora, algemado, o Doutor Q.I.<br />
continuou gritando:<br />
- Ignorante! Você destruiu um sonho! O maior sonho do mundo!