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Pedro Bandeira A Droga da Obediência

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E agora?<br />

- Você está com algum problema, amigão?<br />

O desgraçado estava entrando direto no assunto. Sem medo. Sem rodeios.<br />

Miguel achou melhor arriscar tudo e entrar logo com o seu jogo:<br />

- Sei lá. Estou numa fossa... Sem pique, sei lá...<br />

Bino chegou-se amigavelmente, sorrindo, e passou o braço pelos ombros<br />

de Miguel:<br />

- Eu tenho uma coisa legal, aqui. Você quer emoções?<br />

- Estou a fim. Coisa forte?<br />

- Da pesa<strong>da</strong>. Entra nessa?<br />

Bino parecia estar com pressa. Não disfarçava na<strong>da</strong>, como se tivesse<br />

certeza de que Miguel aceitaria. Com firmeza, foi levando Miguel para fora.<br />

- Então venha cá. Você vai gostar.<br />

Alguma coisa estava erra<strong>da</strong>. A intuição de Miguel o alertava, mas ele tinha<br />

de seguir em frente. Tudo estava fácil demais, mecânico demais, sem qualquer<br />

simulação.<br />

Saíram do colégio, e Bino, sempre com o braço em torno dos ombros de<br />

Miguel, levou-o para a direita, descendo a aveni<strong>da</strong> Rebouças.<br />

Aonde estava sendo levado? Miguel não sabia, mas estava certo de que o<br />

método usado para raptar Bronca e Chumbinho não tinha sido aquele. Eles<br />

estavam quebrando a rotina. Será que...<br />

Uma perua to<strong>da</strong> fecha<strong>da</strong> parou ao lado dos dois. A porta foi aberta e<br />

alguém ordenou:<br />

- Entre!<br />

No instante em que ele descobriu que estava caindo numa armadilha, não<br />

havia tempo para mais na<strong>da</strong>. Bino empurrou-o por trás. Pela frente, um braço<br />

musculoso agarrou-lhe o pescoço, e uma pesa<strong>da</strong> mão tapou-lhe a boca e o nariz<br />

com um pano.<br />

Lutando para libertar-se, Miguel sentiu o cheiro forte do clorofórmio.<br />

***<br />

A cabeça ro<strong>da</strong>va e o estômago estava enjoado quando Miguel acordou.<br />

Viu-se em um quarto nu, como uma cela. Não havia janelas. A ventilação vinha<br />

de uma abertura no teto e uma lâmpa<strong>da</strong> iluminava frouxamente o quarto.<br />

Passou a mão pelo rosto e viu que não tinha mais o bigodinho falso.<br />

A cama onde estava estirado era dura, mas a limpeza do ambiente fazia<br />

aquilo parecer mais um hospital do que uma prisão.<br />

“Deve ser um quarto de luxo. Até televisão tem aqui!”, pensou o rapaz,

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