Pedro Bandeira A Droga da Obediência
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achava difícil encontrar um professor que trabalhasse nos dez colégios ao<br />
mesmo tempo. Mas, de qualquer forma, tinha man<strong>da</strong>do Crânio comparar as<br />
listas de professores de to<strong>da</strong>s as escolas envolvi<strong>da</strong>s.<br />
Um dos funcionários não poderia ser, pois ninguém consegue mu<strong>da</strong>r de<br />
emprego a ca<strong>da</strong> semana. Além disso, o quadro de funcionários do Elite era o<br />
mesmo desde o começo do ano. Nin-<br />
Seria um dos alunos? Bobagem! Como é que um estu<strong>da</strong>nte poderia<br />
freqüentar um colégio diferente a ca<strong>da</strong> semana?<br />
Havia os pipoqueiros, sorveteiros e vendedores de bugigangas que<br />
sempre cercam os colégios, disputando as mesa<strong>da</strong>s dos estu<strong>da</strong>ntes. Mas foi fácil<br />
verificar que todos os vendedores ao redor do Elite eram sempre os mesmos há<br />
muito tempo, e nenhum outro havia aparecido para fazer concorrência.<br />
Assim, por eliminação, a lógica dizia que o oferecedor não agia dentro <strong>da</strong>s<br />
escolas. Mas ele tinha de agir. Senão, como explicar que todos os estu<strong>da</strong>ntes<br />
tivessem desaparecido em suas escolas, e não em suas casas, seus clubes ou<br />
outro lugar qualquer? Como explicar o Bronca, dentro do Elite, falando com o<br />
Chumbinho e assombrado como um cretino?<br />
Claro! O oferecedor trabalhava dentro dos colégios. Era alguém de dentro.<br />
Só podia ser. E, se faltavam ain<strong>da</strong> dois alunos para completar a trinca que<br />
deveria desaparecer do Elite, o oferecedor ain<strong>da</strong> estava ali por perto. Mas quem<br />
seria ele?<br />
Crânio tinha razão. O plano parecia perfeito, sem uma falha, produto de<br />
uma mente criminosa fora de série.<br />
Era preciso procurar outras peças para montar aquele quebra-cabeça.<br />
Tinha de haver alguém ou alguma coisa comum ao Bronca e aos outros vinte e<br />
sete infelizes que tinham caído nas mãos do cérebro criminoso.<br />
Por isso tinha man<strong>da</strong>do Magrí localizar as famílias de nove dos<br />
desaparecidos, separado mais nove para Calú investigar, ficando com os<br />
últimos nove para si.<br />
Quem sabe se depois, juntando o que ca<strong>da</strong> um ouvisse, fosse possível<br />
esclarecer aquele mistério?<br />
***<br />
Entardecia quando Miguel estacionou a bicicleta na porta de uma rica<br />
mansão no Jardim Europa, depois de já ter conversado com duas famílias de<br />
estu<strong>da</strong>ntes desaparecidos, e de não ter conseguido localizar uma terceira. Foi aí<br />
que um carro <strong>da</strong> polícia parou ao seu lado.<br />
- Olá, Miguel - cumprimentou alguém de dentro do carro.