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Pedro Bandeira A Droga da Obediência

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pais do Bronca com dois sujeitos com pinta de polícia.<br />

- E <strong>da</strong>í? Isso não quer dizer que...<br />

- Eu vi as caras de fantasma dos pais do Bronca, pessoal. Cheguei perto e<br />

ouvi a mãe dele chorando e dizendo: “Meu filho! Onde está o meu filhinho?...”<br />

- É mesmo! - lembrou Calú. - Desde a semana passa<strong>da</strong> eu não vejo o<br />

Bronca!<br />

Todos se calaram. A terrível on<strong>da</strong> de desaparecimentos estava<br />

apavorando a ci<strong>da</strong>de. Em dois meses, vinte e sete estu<strong>da</strong>ntes haviam se<br />

evaporado sem deixar nem cheiro. A polícia ro<strong>da</strong>va feito barata tonta,<br />

percorrendo a ci<strong>da</strong>de com as sirenes abertas, batendo em to<strong>da</strong>s as portas, <strong>da</strong>ndo<br />

entrevistas para todos os canais de televisão, e nem um bilhete ou uma nota de<br />

resgate tinha aparecido para jogar um pouco de luz naquele mistério. Agora,<br />

parecia ser a vez do Elite.<br />

Chumbinho estava excitadíssimo. Durante meses tinha seguido ca<strong>da</strong><br />

passo dos Karas, tinha preparado cui<strong>da</strong>dosamente seu plano e, no momento<br />

certo, tinha conseguido o que queria: ser um dos Karas, o avesso dos coroas, o<br />

contrário dos caretas! E agora estava envolvido numa aventura <strong>da</strong> pesa<strong>da</strong>. Com<br />

seqüestros, polícia e tudo. Era demais!<br />

- Logo o Bronca! - lembrou Chumbinho. - Ain<strong>da</strong> na sexta-feira eu convidei<br />

o Bronca para uma escapadinha até o fliperama. Gozado! Ele estava tão... tão<br />

esquisito...<br />

Até aquele momento, Crânio só tinha ouvido a discussão, com sua<br />

gaitinha nos lábios, sem um som e também sem uma palavra.<br />

- Esquisito, Chumbinho? - perguntou Crânio. - Esquisito, como?<br />

- Sei lá. Esquisito... careta... diferente... sei lá!<br />

- Fale, garoto! -comandou Miguel. -Tudo pode aju<strong>da</strong>r a gente.<br />

Mais uma vez Chumbinho tinha conseguido tornar-se o centro de atração<br />

dos Karas. Estava radiante!<br />

- Bom... vocês sabem como é o Bronca...<br />

- Claro que sabemos, Chumbinho - apressou Magrí. - É o sujeito mais<br />

esquisito do Elite. É por isso que todo mundo chama o Bronca de Bronca.<br />

- Pois é - continuou Chumbinho. - Na sexta-feira, ele estava diferente. Era<br />

como se não fosse o Bronca. Diferente! Parecia um carneirinho, mas um<br />

carneirinho com um olhar estranho, parado, nem sei explicar direito...<br />

- Vê se dá um jeito de explicar, moleque! - ralhou Calú. - Fala logo. Vê se<br />

não enrola!<br />

- Não estou enrolando, Calú! Eu falei pra gente pular o muro e ir até o<br />

flíper, mas o Bronca disse que não, ficou dizendo que era proibido, ficou<br />

repetindo que tudo era proibido, que ele tinha de obedecer...

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