Pedro Bandeira A Droga da Obediência
Pedro Bandeira A Droga da Obediência
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Agora o coitado está nas mãos <strong>da</strong> quadrilha! Pobre Chumbinho... Eu não<br />
devia... Mas eu vou salvá-lo... Eu vou...”<br />
Adormeceu, iluminado pela lua.<br />
***<br />
Calú telefonou primeiro para a casa de Miguel e saiu-se muito bem. Era<br />
tão bom ator que a própria mãe do amigo acreditou piamente que estava<br />
falando com o filho.<br />
Depois começou a ligar para as casas dos meninos desaparecidos que<br />
Miguel não pudera visitar. Em ca<strong>da</strong> chama<strong>da</strong>, fazia uma voz diferente,<br />
perguntava tudo o que queria e prometia ligar de novo. Foi estranho: quatro<br />
dos telefones estavam errados. As famílias procura<strong>da</strong>s não moravam naqueles<br />
endereços.<br />
Tinha terminado o último telefonema quando a polícia chegou.<br />
***<br />
Suado, com o rosto vermelho, o detetive saltou do carro e correu para a<br />
casa.<br />
- É a polícia. Abram! - ordenou o detetive esmurrando valentemente a<br />
porta.<br />
Um segundo carro, de sirene liga<strong>da</strong>, estacionou atrás do primeiro,<br />
cantando os pneus. Um policial mais jovem correu também para a casa. Os<br />
olhares dos detetives cruzaram-se, e, se olhar fosse metralhadora, os dois<br />
estariam mortos na hora.<br />
velho.<br />
Um criado de gor<strong>da</strong>s bochechas e óculos de grossas lentes abriu a porta:<br />
- Pois não? O que desejam?<br />
- Esta é a casa de um rapaz chamado Calú? - perguntou o policial mais<br />
- E um outro garoto, chamado Miguel? Está aí também? - ajuntou o outro.<br />
O criado parecia um pouco assustado com a ansie<strong>da</strong>de dos policiais:<br />
- S... s... sim... Só que os dois saíram...<br />
- Para onde foram?<br />
- Não disseram. Mas devem voltar logo, eu acho...<br />
- Vou esperar no carro.<br />
- Eu também vou.<br />
O criado fechou a porta. Em vez de estar assustado, ele sorria.