O sentimentalismo (1871).preview.pdf
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Uma moça serrana entoou, e as outras acompanharam-a:<br />
Ave Maria,<br />
Sancta Maria.<br />
Pelas tuas sete dores,<br />
O Virgem, tem dó<br />
Da mulher que tem amores<br />
£ que vive só.<br />
Ave Maria,<br />
Sancta Maria,<br />
Das tentações<br />
Longe nos guia.<br />
— Como vi crescer-ttí a agua na bocca — disse a Maria,<br />
olhando de soslaio para D. Carlota e José de Sousa, que<br />
iam fallando com intimidade; — tive dó de ti, rapariga.<br />
— Cá a mim não me vem agua á bocca pelo que vejo:<br />
não sou como tu...<br />
— Nenja eu. Olha, mana, quem pela lingua pecca pela<br />
lingua perde: e eu lá para graças não sou...<br />
— Eu comtigo não me metti. Estas que o digam— accudiu<br />
a Francisca, mocetona com cara de poucos amigos,<br />
traçando a capa.<br />
— Nada de graças pesadas., ouviram? — interrompeu a<br />
mais velha das mulheres, em tom de auctoridade. E, como<br />
para cortar a conversação que se ia azedando, entoou:<br />
Ave Maria,<br />
Sancta Maria.<br />
Mãe de Deus, piedosa accode<br />
A quem padecer.<br />
Quem mal vive ao menos pode<br />
Bemdicto morrer.<br />
Obra protegida por direitos de autor<br />
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