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43â<br />

cendentes da politica ou da litteratura, mas a respeito do<br />

modo de fazer fortuna mais depressa, e chegar com mais<br />

— Estás aqui, estás na camará — dizia, com acrimonia<br />

segurança e facilidade aos postos elevados da republica.<br />

mal disfarçada, o Ribaldeira.— E eu, que tenho escripto<br />

tanto, e com tanto applauso, na imprensa periódica, ainda<br />

não achei quem promovesse a minha eleição: fico ainda de<br />

fora. Olha que foste feliz; entendes? Um discurso... inflado...<br />

— Inflado! — exclamou o Farelorio.— Diz, eloquente...<br />

— Para a província? Talvez. Seja pois eloquente o dis-<br />

curso; mas é certo que, a não serem os apertos em que se<br />

vê este tratante do Ramires, tu ficavas com a gloria, mas<br />

não ias ao parlamento... Se fores.<br />

— Tenho fé que vou. Mais ainda: tenho fé que dentro<br />

de um anno serei...<br />

— O que?<br />

— Ministro.<br />

— Um pimpolho como tu... ministro?<br />

— D'esta massa se fazem, meu caro. A palavra inspirada<br />

pelas puras convicções, pelas elevadas aspirações...<br />

— Guarda os discursos para a camará: e ouve. Vou ler-te<br />

o que eu estava escrevendo, quando entraste agora. É bom<br />

que saibas como eu mordo. Bom amigo, mas inimigo perigoso...<br />

— Agora lambem eu te digo, que guardos esses feros<br />

para quem d'elles tiver medo.<br />

— Um homem que aspira a tão alto, começando tâo<br />

baixo... tão baixo como tu, Farelorio, deve temer-se de<br />

tudo. É um bom conselho; e para veres que é bom, ouve<br />

sempre. Tenho aqui dois trabalhos ditíereiíles, que estou<br />

escrevendo ao mesmo tempo. Um, é uma proclamação, ou<br />

— Já li isso—acudiu o Farelorio.<br />

antes um pamphlelo contra o D. António d'Almada...<br />

— É outro, é um novo pamphleto, para sahir na véspera<br />

da eleição.<br />

— Bom. E o outro?...<br />

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