O sentimentalismo (1871).preview.pdf

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bllcos. Qiiasi sempre ns invenções são infelizes, e os inventados
saem ingratos e tolos.
— xMas eslel... o dr. Farelorio...
— Ha de ser como os outros. Nem mais, nem menos.
— Agora serve-nos. Mande-o você entrar...
— Por em quanto vem incógnito — observou o Furavidas.—
Custou a convencer... não queria vir aqui. O homem
quer-se fazer valer.
— Pois dá-se-lhe valor. Pomol-o depois em relações com
o Ribaldeira. São ambos litteratos... e, creio, foram contem-
porâneos na Universidade.
Momentos depois entrava o dr. Farelorio. Cabeça levan-
tada, gesto sobranceiro, olhar arrogante, sorriso pi'oleclor
na bocca; como quem sentia em si o génio a levantar-se
em borbotões de eloquência campanuda, e via já aos pés
vencidos os inimigos, humildes e pasmados os amigos. Correu
a recebel-o á porta da sala o sr. Adriano Ramires, e, feitos
os primeiros cumprimentos, conduziu-o para um sofá, obri-
gou-o a sentar-se, e só depois se sentou elle numa cadeira,
a respeitosa distancia.
— Muita honra é para esta casa o receber um homem
de talento como é o sr. Farelorio—disse o Ramires.— Eu
sempre admirei os homens de verdadeiro mérito. E quando
os vejo apparecer no nosso paiz, sou dos primeiros a mos-
trar-lhes a minha... o muito que os prezo. Nunca vi, con-
fesso-o, entrar ninguém tão brilhantemente no mundo po-
litico como o sr. dr. Farelorio... Não se falia d outra cousa
em toda a província, senão do seu eloquentíssimo discurso
em casa... do visconde d'Almeiroa. O governo não pode
deixar de querer chamar a si os homens puros, os homens
novos, os homens de talento. É d'esses que o paiz carece.
As boas intenções do governo...
— Sr. Adriano Ramires... — interrompeu o eloquente
Farelorio, que tinha atéalli escutado sem pestanejar o elogio
que, á queima-roupa, lhe dirigia o senhor da Ramalhosa.
Sr. Adriano Ramires, v. ex.' sabe as minhas opiniões po-
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