O sentimentalismo (1871).preview.pdf

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e depois, mudando de tom, disse: — Ainda não adivinhou
quem está alii fora...
— O Francisco da Ribaldeira...
— Esse de certo. Está desde esta manhã escrevendo uma
nova proclamação contra o D. António.
— Quem lh'a encomraendou? Eu não; e não lh'a pago
— acudiu colérico o Adriano.
— Esta pago-a eu; e ha de ser mais salgada do que a
primeira—redarguiu o guarda-livros.
— É a paga da chicotada, meu caro Furavidas. Logo
vi que você não era homem para se deixar ficar sem desforra.
Mas é pequena...
— Em quanto não chega outra maior, vai esta.
— Quem é então que está ahi? Quem é esse personagem
importante, com que você me quer excitar a curiosidade?
— É aquelle doutor, que assombrou...
— Ah! Já sei. É o Farelorio—interrompeu o Adriano
Ramires.— Dizem que fallou maravilhosamente. Ninguém
o entendeu; tanta foi a sua eloquência! Faz-nos conta esse
rapaz, para fazer discursos aos eleitores. Elle tem ambi-
ções, e, promettendo-lhe uma candidatura, tudo se consegue
d'elle. Vou escrever ao ministro para ver se nesta eleição
elle pode entrar para a camará...
— Que enthusiasmo! — exclamou o Furavidas.
— Você bem sabe que eu... não sou orador; e por isso
faz-me conta ter na camará quem falle por mim. E depois
fica bem a um homem politico proteger os moços de talento...
— Inventar rapazes de talento—acudiu o guarda-livros;
— inventar aspirantes a ministro... Todos os dias se estão
vendo d"essas invenções, e na verdade não costumam sahir
grande cousa.
— Está muito politico, você!
— L(;io os jornaes, faço-lhes commenlarios, e tenho um
livro com notas biographicas acerca dos nossos homens pu-
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