15.04.2013 Views

O sentimentalismo (1871).preview.pdf

O sentimentalismo (1871).preview.pdf

O sentimentalismo (1871).preview.pdf

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

195<br />

felizes dois entes que a ambos lhes eram caros. Prolon-<br />

gou-se a viagem por alguns mezes; e, á volta — que fora<br />

poucos dias antes d'aquelle em que se passaram os succes-<br />

sos que vamos nairando — foi o D. António visitar a sua<br />

boa e sincera amiga.<br />

Soube então da bocca de D. Carlota ser de urgência o<br />

tomar resoluções enérgicas, para poder livrar o Luiz de Mello<br />

do perigo de perder para sempre a sua adorada Malhilde.<br />

Soube como haviam crescido de dia para dia as angustias<br />

do Carlos do Arnal, e se aproximara uma crise grave, a<br />

que era preciso acudir para salvar a honra e talvez a vida<br />

do velho advogado. Soube, emfim, a disposição em que<br />

estava este de conceder a mão de sua filha ao Adriano Ra-<br />

mires, e o como esperava, directa e indirectamente, con-<br />

vencer a D. Mathilde a acceder aos seus desejos: não só<br />

para assim lhe dar um amigo e um protector, senão também<br />

para salvar a sua fortuna e mais ainda a própria honra,<br />

que julgava gravemente compromettidas.<br />

Foi procurar, logo que sahiu de casa da D. Carlota, o<br />

seu amigo Luiz de Mello. Contou-lhe em breves termos<br />

tudo que soubera; e, vendo a profunda mágoa que taes novas<br />

lhe causavam, tractou de o consolar e de lhe pôr no cora-<br />

ção a esperança e com ella a energia para a luta. Aquella alma,<br />

fortemente temperada, do illustre medico senlia-se sem for-<br />

ças, em face de tão grande perigo para o seu entranhado<br />

amor por Mathilde. Para elle, aquella casta e melancólica<br />

donzella era como mimoso sonho do espirito, ou como aérea<br />

e lenuissima visão, que n'um instante se esvae e desappare-<br />

ce. Receiava sempre perdel-a, e este receio tornava-o pusillanime,<br />

ás vezes até ao desalento.<br />

— Sinceramente t'o confesso, meu caro D. António—<br />

dissera por fim o Luiz de Mello: — se não fosse invencível<br />

este amor, fugia para longe de Lisboa, para onde não ouvisse<br />

mais fallar em Mathilde. Não posso, não posso fugir d'ella...<br />

e cada N-ez lhe quero mais, apezar (Kaquella fria indiffe-<br />

rença que de dia para dia vai crescendo. È uma profunda<br />

Obra protegida por direitos de autor

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!