O sentimentalismo (1871).preview.pdf

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uns p.ipois de grande interesse pai"a a pobre orphâ; recommendando-lhe
que os guardasse com segredo, e só d'elles
tomasse conhecimenta um anno depois da sua morte. Nas
vésperas de Ião soiemne acto, como era o de penetrar um
myslerio que ia decidir da sorte de Soledade, o Luiz de
Mello desejava vel-a; com o fim, talvez, de se dispor para
cumprir bem a importante missão de protector e defensor
de uma infeliz. Vê-se pois que não faltavam razões ponde-
rosas, para que o namorado dr. Luiz de Mello accedesse
aos dictames do seu amigo D. António, e aos conselhos de
D. Carlota.
Grande foi a perplexidade da sr.* D. Barbara, ao ver en-
trar na sala de sua sobrinda os dois homens que mais ex-
citavam a sua curiosidade. Na sua chocha cabeça penetravam
só, e ainda assim mal e a custo, as trivialidades; a
tudo que, pouco ou muito, sahia fora do commum, era ella,
por assim dizer, impermeável; e por isso se exasperava a
sua sede de saber, quando, á diííiculdade de descobrir os
factos, se junctava a impossibilidade de os entender. Era
isto o que lhe succedia com Luiz de Mello e D. António,
cujas palavras, cujas acções, cujo modo de ser e de sentir
a impertinente beata não podia comprehender. Estava alli,
mesmo ao pé d'ella, uma mina, onde a sua cubica de me-
xericos podia largamente saciar-se; mas a porta estava já
aberta para sahir, feitas as despedidas, e—o que era mais
forte do que todas as considerações—em casa de D. Be-
nedicta estavam-n'a esperando «grandes novidades»: aquel-
las «grandes novidades» de que, com tanta emphase, ella
fallara a D. Malhilde, e que ainda não conhecia bem a
fundo.
Feitos os primeiros comprimentos, e dada a banal expli-
cação de uma visita de pura cortezia, travou-se uma d'essas
conversações, cheias de vulgaridades que pouco significam,
e de subtilezas que não significam nada: passa-Iempo for-
çoso de quem ou não sabe em que ha de fallar, ou fez o
firme propósito de afogar em nadas o muito que desejaria
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