O sentimentalismo (1871).preview.pdf
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— Para lhe prantar as aranhas para fora do miolo...—<br />
interrompeu a Francisca, como para desafiar as iras da companheira.—<br />
Pois olha que lu também devias ir ter com a<br />
— Faze-te fina comigo, Francisca — acudiu a Maria—<br />
Salomé...<br />
faze-te fina e queixa-te depois. Sabes que mais, uma das<br />
que tem ido mais de uma vez á Salomé...<br />
— Gal-te ahi, mulher. Olha que eu já te disse...<br />
— Leva rumori — bradou a velha Josepha.— Estamos<br />
ao pé do Calvário. É rezar: e peço primeiro uma Ave-Maria<br />
— Pois vá, que se ella morre... faz falta a todos: á fi-<br />
pela Salomé.<br />
lha e ás moças da nossa terra, a quem ella ensina e ajuda<br />
a embonecar-se.— Tem umas mãos de prata, a Salomé.<br />
As serranas entoaram uma Ave-Maria; ajoelhando diante<br />
da arruinada capella do Calvário, situada a considerável al-<br />
tura no pendor da serra.<br />
D'esta capella vai, trepando pela serra acima, um car-<br />
reiro bastante escabroso até dar á Cruz-Alta, como já dis-<br />
semos. Por esse carreiro proseguiram a sua ascensão os<br />
nossos turistas.<br />
— É Íngreme a subida — dizia D. Carlota de Sousa, encostando-se<br />
a um páo de loureiro que levava na mão, e em<br />
cuja casca abrira, a canivete, as próprias iniciaes, como para<br />
assegurar a sua propriedade. — Vamos, Mathilde, não des-<br />
animes... e sobre ludo não me caias em melancolia, filha.<br />
Aqui o ar livre tudo leva; tristezas e saudades.<br />
— Tens razão, Carlota — acudiu, com a sua natural<br />
bonhomia, o José de Sousa.— A sr.' D. Mathilde deve lan-<br />
çar de si estas tristezas, que lhe fazem mal... a ella e ao<br />
pobre do pae, que tanto lhe quer.<br />
— Eu não estou triste — respondeu a D. Mathilde.<br />
Estou cançada...<br />
— í^ara isso ha remédio; aqui está o meu braço...<br />
— At|ui está o meu, Mathilde — interrompeu a D. Carlota.—<br />
Eu é que não estou cançada. Bem sabes que nasci<br />
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