O sentimentalismo (1871).preview.pdf

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palavras, uma salsada de idéas incompletas, abstrusas, in-
congruentes e absurdas, que pozeram em agua a cabeça
do sr. Adriano, impacientado por fim este exclamou, pondose
de pé: — Basta!... basta por agora. Tenho ainda que
fallar com varias pessoas, que esperam nas salas próximas.
Admiro, admiro os seus talentos, sr. dr. Farelorio; e na
camará terei occasião de ouvir os seus discursos, se... se
quizer ir á camará d'esta vez.— Que hei de responder ao
ministro?
— Que acceito, com tanto que...— respondeu o dr. Farelorio,
pondo-se em pé.
— Tudo o que quizer, se lhe concede; dada a condição
de votar com o governo...
— Oh!
— Com o governo que é progressista, liberal, e cujas
intenções são as melhores em relação aos interesses públicos.
Creio que não pode ter escrúpulos.
— A vista do que me diz, sr. Adriano, não os tenho
já. A sua reputação de homem honrado, dá-me inteira con-
fiança na sua palavra. Aceito a candidatura.— E estendeu
a mão ao Adriano Ramires, que lh'a apertou.
— Está dito. Eu conto com o ministro, que nada me
recusará. Auxiliemo-nos um ao outro nesta campanha eleitoral.—
E abrindo uma porta e atravessando um corredor,
o Adriano conduziu o dr. Farelorio a um gabinete, onde
estava escrevendo o litterato Francisco da Ribaldeira; o qual,
ao ouvir abrir a porta, escondeu rapidamente os papeis que
estava escrevendo, cobrindo-os com outros que tinha ao
lado.
Ao reconhecerem-se, as duas luminárias da imprensa e
da tribuna, uniram-se em estreilissimo abraço; e, em vista
d'aquellas expansões de intima amizade, o Adriano Rami-
res retirou-se cortezmente. Os dois talentaços buscaram a
principio enganar-se um ao outro em eslylo arrebicado;
vieram, porem, ás boas por fim. E então começou entre
elles uma larga conversação, não sobre os problemas trans-
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