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O sentimentalismo (1871).preview.pdf

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— E não percas a esperança de o conseguir — acudira<br />

o D. António.— É curavel, meu caro doutor, a doença da<br />

tua Mathiide. Assim o ci^eio eu; e, o que mais vale, julga-o<br />

lambem assim a D. Carlota de Sousa... que sabe mais do<br />

que tu da sciencia do coração. Não serei eu que te darei<br />

conselho egual áquelle que me deste quando... quando eu<br />

andava namorado de D. Carlota.— Suffocando involuntário<br />

suspiro, proseguira: — És medico, descobre um especifico<br />

para curar... de <strong>sentimentalismo</strong>. Permitte-me, porem, que<br />

te dê um modesto conselho sobre tão grave assumpto. Para<br />

pôr termo aos padecimentos da nossa enferma, é preciso não<br />

atacar de frente a causa primordial d'elles, que é, se me<br />

não engano... no diagnostico, um <strong>sentimentalismo</strong> agudo.<br />

É necessário... indispensável mesmo, dar alimento áquella<br />

mórbida exaltação; e esse não pode ser senão o teu amor.<br />

Tu estás quasi tão sentimentd como a melancólica D. Ma-<br />

thiide. Consulta o coração, em vez de consultar a cabeça,<br />

e elle te dirá, meu pobre doutor, por que forma has de<br />

fazer acceitar á tua enferma... tão acre medicina.<br />

A estas sabias razões e ponderosos argumentos de D.<br />

António d'Almada não soube resistir o namorado doutor.<br />

Nem ha que extranliar n'isto; porque é certo que sempre<br />

assiste razão, prudência e grande lucidez de espirito a quem<br />

tem a condescendência de lisongear as nossas paixões, ou<br />

de facilitar a satisfação dos nossos desejos, isto explica, não<br />

só a acceitação que têm para os namorados as palavras dos<br />

que falam ao sabor da sua paixão, senão também, o que é<br />

mais grave e importante, a popularidade de muitos homens<br />

políticos. Prudentemente consultada a D. Carlota e obtida<br />

a sua approvação, resolveram-se os dois amigos a ir a casa<br />

do Carlos do Arnal. Convém saber ainda, para esclarecimento<br />

(festa narrativa e para se não fazer injustiça ao grave dr.<br />

Luiz de Mello, que uma forte razão o movia, alem dos interesses<br />

do seu coração, a aproximar-se naqiielle momento<br />

(In familia do advo^jado. Estava justamente a fazer um anno<br />

que a mãe de Soledade, moribunda, confiara á sua guarda<br />

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