O sentimentalismo (1871).preview.pdf
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VII<br />
C01T7ERSAÇ0ES CKATES<br />
Acompanhado por D. António d'AImada o Luiz de Mello<br />
subia o áspero caminho da Cruz-AUa, em seguimento da<br />
filha, o velho Carlos do Arnal. O seu espirito como que<br />
se havia desanuveado, pela acção benéfica do ar puro da<br />
serra, da alegria da manhã, e sobre tudo por ver na filha,<br />
que elle adorava, symplomas, manifestos para a perspicá-<br />
cia do seu amor paterno, de melhora no estado physico,<br />
de menos desalento, de menos depressora tristeza. Parando<br />
de quando em quando, já para discorrer sobre os assumptos<br />
da conversação que havia entabolado com os seus dois com-<br />
panheiros, já para admirar, aqui e alli, uma arvore mages-<br />
tosa on uma vista larga e esplendida, d'aquellas que tanto<br />
maravilham os que vagueiam pela malta do Bussaco, o velho<br />
advogado parecia haver esquecido as causas de profunda<br />
mágoa a que, segundo a opinião esclarecida do dr. Luiz de<br />
Mello, se deviam attribuir os padecimentos que lhe amea-<br />
çavam, de modo assustador, a própria vida.<br />
Carlos do Arnal não era um d'esses homens, laboriísos<br />
mas de faculdades pouco expansivas* que fixam em estrei-<br />
tos limites o campo de seus estudos, e se desinteressam,<br />
por assim dizer, de tudo que não é o assumpto das suas<br />
cogitações e leituras predilectas. Sem ter um talento supe-<br />
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