O sentimentalismo (1871).preview.pdf

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• 1— Sci-o eu... sabemol-o nós ambos—apressou-se em
dizer a prudente interlocutora, oíTerecendo a mão a D. António.—
O mal não se extinguiu, é verdade; transformou-se
n'um grande bem, o que é maravilha maior. E ainda duvida
da cura, o sr.
— Não duvido...
I). António d'Almada?
não torno mais a duvidar—disse este,
beijaíido com respeitosa ternura a mão que lhe oíTereciam.
— E assim deve ser. iVIinha Mathilde—accrescenlou a
D. Carlota, pondo-se de pé e cncaminhando-se para a janella
— temos aqui um medico illustre...
— Minha senhora!... — balbuciou o Luiz de Mello, (|ue
eslava um tanto fora de si, esperando com pueril timidez
o resultado d'aquella singular conversação.
— Temos um grande medico — proseguiu a D. Carlota
— que é ao mesmo tempo... não se deve hesitar em
dizer a verdade, uma grande alma e um nobre coração...
— Minha senhora!... Essas palavras de tanta bondade...
confundem-me — exclamou o Mello, estendendo mãos sup-
— Minha querida Mathilde—proseguiu esta — com tal
plicantes a D. Carlota.
medico e tal homem espero ainda ver-te boa de todo... e
feliz.— Dirigindo-se a D. António, apenas acabou de pro-
nunciar esta phrase intencionalmente imprudente, convi-
dou-o para ir com ella á varanda admirar a belleza do Tejo,
allumiado em cheio pelo luar.
Tinha por vezes o Luiz de Mello ficado só com a filha
de Carlos do Arnal, mas sempre no seu caracter de medi-
co; e presava elle muito a gravidade das suas funcções,
considerava a sciencia como um sacerdócio por extremo
elevado, para que, apezar dos impulsos do seu coração sin-
ceramente apaixonado, ousasse soltar uma palavra, lançar
um olhar, ou fazer um gesto que podesse desdizer da sua
nobre missão, ou deixar-lhe na consciência uma duvida sequer
de haver faltado ao seu dever. N'esta occasião as cir-
cumstancias eram bem diííerentes. Estava alli o homem, de
quem uma phrase imprudente acabava de patentear quasi
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