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A emergência do feminismo de Estado em Portugal

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na vida económica e social (<strong>do</strong>c. <strong>de</strong> arquivo 0044.016). Assumia-se como a principal<br />

“<strong>em</strong>preen<strong>de</strong><strong>do</strong>ra” das recomendações internacionais (Börzel e Risse, 2003),<br />

numa espécie <strong>de</strong> concretização portuguesa <strong>do</strong> <strong>de</strong>signa<strong>do</strong> efeito boomerang<br />

(Keck e Sikkink, 1999) nas políticas globais <strong>de</strong> igualda<strong>de</strong> entre os sexos.<br />

Ao favorável acolhimento das suas propostas não é alheia, na opinião <strong>de</strong><br />

algumas pessoas entrevistadas, a excelência das relações que <strong>de</strong>senvolveu e<br />

manteve com o Ministro Baltazar Rebelo <strong>de</strong> Sousa e sua esposa (com qu<strong>em</strong><br />

tomava chá), com o próprio Secretário <strong>de</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Trabalho e mais tar<strong>de</strong><br />

Ministro das Corporações e Previdência Social - Joaquim da Silva Pinto, seu<br />

conheci<strong>do</strong> da JUC.<br />

Assim, num <strong>do</strong>cumento intitula<strong>do</strong> “Projecto relativo ao grupo <strong>de</strong> trabalho<br />

para a <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> uma política nacional global acerca da mulher”, <strong>de</strong> 4 e 7 <strong>de</strong><br />

Maio <strong>de</strong> 1970, Maria <strong>de</strong> Lour<strong>de</strong>s Pintasilgo apresenta, a pedi<strong>do</strong> <strong>do</strong> Secretário<br />

<strong>de</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Trabalho e da Previdência (Silva, no prelo) uma “Proposta sobre a<br />

<strong>de</strong>finição <strong>de</strong> uma política nacional global acerca da mulher, <strong>de</strong>stacan<strong>do</strong> a composição<br />

e os objectivos <strong>de</strong> um grupo <strong>de</strong> trabalho, a acumulação <strong>de</strong> experiência<br />

internacional e o incentivo à participação f<strong>em</strong>inina no <strong>de</strong>senvolvimento <strong>do</strong><br />

país” (<strong>do</strong>c. <strong>de</strong> arquivo 0019.022). Nele, a referência às <strong>de</strong>mandas da ONU como<br />

el<strong>em</strong>ento legitima<strong>do</strong>r da proposta surg<strong>em</strong> logo nas consi<strong>de</strong>rações iniciais:<br />

[ten<strong>do</strong> <strong>em</strong> consi<strong>de</strong>ração] 1) que <strong>em</strong> 1970 os países reuni<strong>do</strong>s na<br />

Organização das Nações Unidas entraram na 2ª década <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento,<br />

triénio <strong>de</strong> execução <strong>do</strong> III Plano <strong>de</strong> Fomento, e que as<br />

mulheres representam, tanto ao plano mundial como nacional, um<br />

potencial quase inexplora<strong>do</strong> no processo <strong>de</strong> que <strong>Portugal</strong> entrou …;<br />

2) que a Organização das Nações Unidas lançou <strong>em</strong> 1968, como um<br />

<strong>do</strong>s seus projectos maiores, um programa a longo prazo para o progresso<br />

das mulheres ….<br />

Também no mesmo <strong>do</strong>cumento se percebe a existência <strong>de</strong> algum trabalho<br />

já realiza<strong>do</strong> no Ministério neste <strong>do</strong>mínio:<br />

…que <strong>em</strong> alguns sectores <strong>do</strong>s serviços oficiais têm si<strong>do</strong> estuda<strong>do</strong>s<br />

alguns <strong>do</strong>s aspectos fulcrais quer <strong>do</strong> progresso das mulheres, quer<br />

da sua presença efectiva na socieda<strong>de</strong> portuguesa … propõe-se que,<br />

a partir <strong>de</strong>stes serviços e das experiências assim acumuladas se<br />

constitua um grupo <strong>de</strong> trabalho visan<strong>do</strong>, <strong>em</strong> última análise, a<br />

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