A emergência do feminismo de Estado em Portugal
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A <strong><strong>em</strong>ergência</strong> <strong>do</strong> <strong>f<strong>em</strong>inismo</strong> <strong>de</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>em</strong> <strong>Portugal</strong>:<br />
uma história da criação da Comissão da Condição F<strong>em</strong>inina<br />
res nos <strong>de</strong>partamentos oficiais e nas organizações não-governamentais.<br />
Em Nov<strong>em</strong>bro <strong>de</strong> 1975 estavam já representa<strong>do</strong>s os seguintes Ministérios:<br />
- Administração Interna, Justiça, Saú<strong>de</strong>, Educação, Indústria, Comércio Interno,<br />
Equipamento Social e Habitação, e as Secretarias <strong>de</strong> Esta<strong>do</strong> da Emigração, <strong>do</strong><br />
Trabalho e <strong>do</strong> Emprego e <strong>do</strong> Ambiente. Esta estrutura pretendia:<br />
- dar apoio técnico (por parte <strong>do</strong>s serviços) aos projectos da CCF;<br />
- sensibilizar os serviços às questões <strong>de</strong> fun<strong>do</strong> sobre a condição das<br />
mulheres a partir <strong>de</strong> projectos <strong>em</strong> curso;<br />
- sensibilizar os serviços à incidência da sua própria acção na<br />
condição f<strong>em</strong>inina;<br />
- assegurar o direito à apreciação <strong>de</strong> to<strong>do</strong>s os projectos ou medidas<br />
com incidência na condição das mulheres;<br />
- intercomunicação e ligação <strong>de</strong> to<strong>do</strong>s os Ministérios presentes<br />
quanto a estes assuntos. (0022.038)<br />
Mas se o ano <strong>de</strong> 1975 ficava marca<strong>do</strong> pela abertura da Comissão, no país,<br />
a novos agentes sociais que se criam “<strong>de</strong>tona<strong>do</strong>res”, um acontecimento exterior<br />
<strong>de</strong>terminou e robusteceu todas estas dinâmicas da Comissão, numa “coincidência<br />
feliz entre o nacional e o internacional”, como refere Regina Tavares da<br />
Silva. Foi o Ano Internacional da Mulher (AIM), das Nações Unidas, com o seu<br />
Programa <strong>de</strong> Acção e a Conferência Mundial <strong>do</strong> AIM, que aconteceu na cida<strong>de</strong><br />
<strong>do</strong> México, <strong>de</strong> 19 <strong>de</strong> Junho a 02 <strong>de</strong> Julho. 1975 foi oficialmente reconheci<strong>do</strong><br />
como Ano Internacional das Mulheres, por uma Resolução <strong>do</strong> Governo<br />
Provisório <strong>de</strong> <strong>Portugal</strong>, <strong>em</strong> 8 <strong>de</strong> Janeiro <strong>de</strong> 1975. Nessa Resolução po<strong>de</strong> ler-se:<br />
…reconhecen<strong>do</strong>, por um la<strong>do</strong>, as graves situações discriminatórias<br />
ainda existentes <strong>em</strong> <strong>Portugal</strong>, <strong>em</strong> relação à plena participação das<br />
mulheres <strong>em</strong> múltiplos sectores da vida <strong>do</strong> país e, por outro la<strong>do</strong>, a<br />
especial oportunida<strong>de</strong> que o ano que viv<strong>em</strong>os po<strong>de</strong> trazer para uma<br />
larga integração das mulheres <strong>em</strong> to<strong>do</strong>s os aspectos <strong>em</strong> que se vai<br />
processar a reconstrução nacional;<br />
Apela, para isso, para to<strong>do</strong>s os organismos <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>, as Forças<br />
Armadas, os parti<strong>do</strong>s políticos, as organizações profissionais e<br />
outras organizações não governamentais para que, durante este ano,<br />
se intensifiqu<strong>em</strong> os esforços no senti<strong>do</strong> <strong>de</strong> que a Revolução <strong>em</strong> curso<br />
seja uma Revolução com uma autêntica participação das mulheres