A emergência do feminismo de Estado em Portugal
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Interessantíssimo, porquê? Tenho recordações fantásticas, porque<br />
tentámos fazer e é preciso l<strong>em</strong>brar que estamos <strong>em</strong> 74, não é?!<br />
Portanto, fiz<strong>em</strong>os anúncios no jornal, recolh<strong>em</strong>os <strong>de</strong>poimentos<br />
para qu<strong>em</strong> quisesse apresentar casos concretos. Tanto, que se recebeu<br />
uma avalanche <strong>de</strong> situações. Mas as situações mais gritantes,<br />
também, uma <strong>de</strong>las eram os filhos não ter<strong>em</strong> direito a nome e a<br />
paternida<strong>de</strong>, extraordinário <strong>em</strong> 74, não é? De facto era pai incógnito.<br />
Portanto, <strong>em</strong> relação a isso trabalhou-se muito esse material, fizeram-se<br />
as propostas, visitan<strong>do</strong> algumas instituições que se <strong>de</strong>dicavam<br />
ao acolhimento <strong>de</strong> crianças e tal… fui eu que li<strong>de</strong>rei esse<br />
grupo, mas já não me recor<strong>do</strong>. Depois <strong>de</strong> tu<strong>do</strong> fez-se propostas <strong>em</strong><br />
concreto e fez-se um programa na rádio... Tenho a impressão que foi<br />
com a Maria Júlia Guerra, mas já não sei b<strong>em</strong> os nomes…, também<br />
com cartas para a rádio e <strong>de</strong>pois as respostas. Fiz<strong>em</strong>os um levantamento<br />
a partir da realida<strong>de</strong>, fiz<strong>em</strong>os a proposta e <strong>de</strong>pois tentámos<br />
também dar a informação à opinião pública.<br />
(ex-técnica, entrevista 5)<br />
Destes <strong>do</strong>is Grupos <strong>de</strong> Trabalho da Comissão sairiam propostas legislativas<br />
acerca <strong>de</strong> direitos <strong>de</strong> maternida<strong>de</strong>, da criação <strong>de</strong> equipamentos e serviços <strong>de</strong><br />
apoio à primeira infância, <strong>de</strong> revisão <strong>do</strong> Direito <strong>de</strong> Família, e um ante-projecto<br />
no <strong>do</strong>mínio da prostituição. Destas propostas <strong>de</strong>staca-se a da criação <strong>de</strong> um<br />
Instituto da Criança (mais tar<strong>de</strong> cria<strong>do</strong> com o apoio <strong>de</strong> uma das técnicas da<br />
Comissão, ainda que como organismo priva<strong>do</strong> <strong>de</strong> solidarieda<strong>de</strong> social). A única<br />
que veio a ser efectivamente concretizada foi a da proposta <strong>de</strong> uma licença <strong>de</strong><br />
maternida<strong>de</strong> <strong>de</strong> 90 dias; direito que viria a ser consagra<strong>do</strong> no Decreto-lei<br />
112/76, <strong>de</strong> 7 <strong>de</strong> Fevereiro.<br />
Paralelamente, <strong>em</strong> <strong>de</strong>spacho conjunto, <strong>de</strong> 11 <strong>de</strong> Julho, da Secretária <strong>de</strong><br />
Esta<strong>do</strong> da Segurança Social e <strong>do</strong> Secretário <strong>de</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Trabalho <strong>de</strong>cidiu-se<br />
criar um grupo <strong>de</strong> trabalho, também no âmbito da Comissão para indicar medidas<br />
a propor <strong>em</strong> matéria <strong>de</strong> trabalho das mulheres com base <strong>em</strong> normas e<br />
tendências internacionais. Para este trabalho foram <strong>de</strong>signadas Ana Maria<br />
Braga da Cruz e Fátima Falcão Campos da Comissão, e Célia Ramos <strong>em</strong> representação<br />
<strong>do</strong> Ministério <strong>do</strong> Trabalho. Enquanto os trabalhos <strong>do</strong>s <strong>do</strong>is grupos<br />
anteriores isolariam a probl<strong>em</strong>ática da protecção da maternida<strong>de</strong> e <strong>do</strong> apoio à<br />
infância, da anterior proposta apresentada pela Comissão no âmbito <strong>do</strong> projecto<br />
<strong>de</strong> “regulamentação <strong>do</strong> trabalho f<strong>em</strong>inino”, este dava-lhe continuida<strong>de</strong> directa.<br />
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