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A emergência do feminismo de Estado em Portugal

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medidas a tomar é que <strong>em</strong> cada medida era uma guerra e uma discussão;<br />

elas a levar<strong>em</strong> para as coisas <strong>de</strong>las, <strong>do</strong> parti<strong>do</strong>. Havia uma<br />

partidarização enorme no país. O que se passava no país, passava-se<br />

na Comissão e foi muito muito difícil, até que no 11 <strong>de</strong> Março estoirou.<br />

(ex-técnica, entrevista 1)<br />

Ex<strong>em</strong>plo da partidarização das lutas nesta altura, e da sobreposição das<br />

questões i<strong>de</strong>ológicas a outras questões, como as das mulheres, é s<strong>em</strong> dúvida<br />

expresso no manifesto da União das Mulheres Trabalha<strong>do</strong>ras <strong>de</strong> <strong>Portugal</strong><br />

contra o MDM, e a acusação <strong>de</strong> que esta era uma organização <strong>de</strong> mulheres<br />

controladas pelo imperialismo russo (<strong>do</strong>c. <strong>de</strong> arquivo 0023.009):<br />

…é neste senti<strong>do</strong> que <strong>de</strong>nunciamos energicamente o chama<strong>do</strong><br />

Movimento “D<strong>em</strong>ocrático” das Mulheres, organização patrocinada<br />

pelo parti<strong>do</strong> <strong>de</strong> Cunhal, que tenta a to<strong>do</strong> o custo <strong>de</strong>sviar a atenção<br />

das mulheres portuguesas da luta pela in<strong>de</strong>pendência nacional e as<br />

liberda<strong>de</strong>s <strong>de</strong>mocráticas, avançan<strong>do</strong> unicamente reivindicações<br />

sociais e promoven<strong>do</strong> visitas <strong>de</strong> <strong>em</strong>baixatrizes <strong>do</strong> social-imperialismo<br />

russo, como foi o caso da visita <strong>de</strong> Valentina Terenchkova, e tentan<strong>do</strong><br />

assim mobilizar as mulheres para a sua estratégia reaccionária.<br />

5.5. A sobrevivência na ambiguida<strong>de</strong> (orfanda<strong>de</strong>) e conquista <strong>de</strong><br />

um espaço institucional<br />

Se a entrada na cena da Comissão da Condição F<strong>em</strong>inina <strong>de</strong> novos actores,<br />

heterogéneos entre si, criou algumas dificulda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> articulação, a gestão interna<br />

da própria Comissão atravessou, neste perío<strong>do</strong> e até finais <strong>de</strong> 1976,<br />

momentos críticos. De facto, se, como t<strong>em</strong>os verifica<strong>do</strong>, este foi um perío<strong>do</strong><br />

rico <strong>em</strong> trabalhos substantivos, a ambiguida<strong>de</strong> e in<strong>de</strong>finição da situação orgânica<br />

da Comissão, ainda <strong>em</strong> regime <strong>de</strong> instalação, e a ausência ou intermitências<br />

<strong>de</strong> uma presi<strong>de</strong>nte dificultavam bastante a legitimida<strong>de</strong> e a própria sobrevivência<br />

da instituição. Tinha si<strong>do</strong> nomeada <strong>em</strong> 27 <strong>de</strong> Fevereiro <strong>de</strong> 1975 uma<br />

Comissão Instala<strong>do</strong>ra, pelo Ministro <strong>do</strong>s Assuntos Sociais, que tinha como<br />

função assegurar os aspectos da gestão orçamental.<br />

Conforme vimos acima, Maria <strong>de</strong> Lour<strong>de</strong>s Pintasilgo interrompera formalmente<br />

as suas funções como Presi<strong>de</strong>nte da Comissão nos perío<strong>do</strong>s <strong>em</strong> que<br />

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