A emergência do feminismo de Estado em Portugal
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A <strong><strong>em</strong>ergência</strong> <strong>do</strong> <strong>f<strong>em</strong>inismo</strong> <strong>de</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>em</strong> <strong>Portugal</strong>:<br />
uma história da criação da Comissão da Condição F<strong>em</strong>inina<br />
e saben<strong>do</strong> que o Senhor Presi<strong>de</strong>nte <strong>do</strong> Conselho é que po<strong>de</strong> ser juiz<br />
<strong>do</strong> lugar que tal tarefa ocupa nas priorida<strong>de</strong>s que se impõ<strong>em</strong>, não<br />
quero <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> dizer a V. Exª que neste momento sinto-me responsável<br />
pelo trabalho <strong>em</strong>preendi<strong>do</strong> unicamente até ao termo da<br />
<strong>de</strong>finição <strong>de</strong> objectivos e <strong>do</strong> mo<strong>do</strong> <strong>de</strong> funcionamento.»<br />
(<strong>do</strong>c. <strong>de</strong> arquivo 0242.039)<br />
Típico da época, mesmo para os e as mais arroja<strong>do</strong>s/as, este tom <strong>de</strong><br />
reverência e <strong>de</strong> procura <strong>de</strong> justificação perante Marcelo Caetano po<strong>de</strong> também<br />
significar, parece-me, a consciência que MLP tinha relativamente ao lugar incipiente<br />
<strong>do</strong> Grupo <strong>de</strong> Trabalho que li<strong>de</strong>rava. Continuou, portanto, a esboçar propostas<br />
para a criação <strong>de</strong> uma Comissão, não um Grupo <strong>de</strong> Trabalho, mas uma<br />
Comissão como propunham as Nações Unidas:<br />
Não se tornou porém o Grupo <strong>de</strong> Trabalho imediatamente uma<br />
Comissão Nacional. Esta opção foi tomada por duas razões:<br />
primeiro, por ter si<strong>do</strong> julga<strong>do</strong> necessário estruturar um pequeno<br />
grupo <strong>de</strong> pensamento coeso, <strong>em</strong>bora diverso nas especializações e<br />
opções particulares, procuran<strong>do</strong>-se assim verificar a possibilida<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> uma unida<strong>de</strong> operacional no contexto <strong>de</strong> um pluralismo existencial;<br />
segun<strong>do</strong>, porque o carácter necessariamente intersectorial <strong>de</strong><br />
uma Comissão Nacional exigia a <strong>de</strong>finição prévia <strong>do</strong>s sectores pre<strong>do</strong>minantes<br />
da probl<strong>em</strong>ática <strong>de</strong> conjunto relativa à participação da<br />
mulher portuguesa no <strong>de</strong>senvolvimento. Esta orientação permitiu<br />
realizar uma etapa fundamental para a criação da Comissão<br />
Nacional. (<strong>do</strong>c. <strong>de</strong> arquivo 0021.003)<br />
Defendia que a Comissão <strong>de</strong>veria ter acesso nas comissões <strong>de</strong> planeamento,<br />
<strong>de</strong>veria ter estatutos e propunha um esqu<strong>em</strong>a on<strong>de</strong> colocava a Comissão<br />
Nacional como media<strong>do</strong>ra com a Comissão para o Estatuto das Mulheres da<br />
ONU (<strong>do</strong>c. <strong>de</strong> arquivo 0018.064).<br />
Figura 1<br />
Desenho <strong>do</strong> posicionamento estratégico da Comissão Nacional (MLP)<br />
Com. M Ass. G. [Ass<strong>em</strong>bleia Geral ONU]<br />
Com. Nac<br />
Fonte: (<strong>do</strong>c. arq. 0018.064)<br />
Gov. port.