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A emergência do feminismo de Estado em Portugal

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4. A Revolução <strong>de</strong> 25 <strong>de</strong> Abril <strong>de</strong> 1974:<br />

incluir as mulheres na nova <strong>de</strong>mocracia, consolidar<br />

a Comissão<br />

Em Abril <strong>de</strong> 1974 o trabalho e a vida da Comissão foram intercepta<strong>do</strong>s pela<br />

revolução, e com ela, <strong>de</strong>cididamente, novas oportunida<strong>de</strong>s se abririam não só<br />

à Comissão, mas às mulheres portuguesas <strong>em</strong> geral. Com a revolução, uma<br />

série <strong>de</strong> mudanças no ambiente sociopolítico e institucional vieram a <strong>de</strong>terminar<br />

a história da Comissão. Maria <strong>de</strong> Lour<strong>de</strong>s Pintasilgo “sobreviveu” politicamente<br />

à <strong>de</strong>posição <strong>do</strong> anterior sist<strong>em</strong>a e <strong>em</strong>ergiu politicamente nos primeiros<br />

governos provisórios cria<strong>do</strong>s pelo Movimento das Forças Armadas:<br />

…quan<strong>do</strong> os factos são <strong>de</strong> tal mo<strong>do</strong> convulsos e o ruí<strong>do</strong> ensur<strong>de</strong>ce<strong>do</strong>r,<br />

a novida<strong>de</strong> passa quase <strong>de</strong>spercebida. Além <strong>de</strong> que a sua pessoa<br />

é aceite, quer <strong>do</strong> la<strong>do</strong> revolucionário (on<strong>de</strong> to<strong>do</strong>s os que a<strong>de</strong>r<strong>em</strong> ao<br />

projecto são b<strong>em</strong> vin<strong>do</strong>s), quer <strong>do</strong> la<strong>do</strong> conserva<strong>do</strong>r (on<strong>de</strong> uma mulher<br />

católica, com provas dadas no regime <strong>de</strong>posto, não assusta tanto<br />

como os comunistas e os <strong>de</strong>sconheci<strong>do</strong>s). (Beltrão e Hatton, 2007: 189)<br />

Foi convidada pelo MFA para ser Secretária <strong>de</strong> Esta<strong>do</strong> da Segurança Social,<br />

no 1º Governo Provisório. Ocupou esse cargo até Julho <strong>do</strong> mesmo ano, altura<br />

<strong>em</strong> que passou a ser Ministra <strong>do</strong>s Assuntos Sociais, no âmbito <strong>de</strong> um 2º<br />

Governo Provisório. Permaneceria neste cargo até aban<strong>do</strong>nar o Governo <strong>em</strong><br />

Março <strong>de</strong> 1975.<br />

Paralelamente, continuava a ser a Presi<strong>de</strong>nte da Comissão para a Política<br />

Social Relativa à Mulher. Esta estrutura, tal como to<strong>do</strong>s os serviços da<br />

Previdência e Assistência, foi integrada na Secretaria <strong>de</strong> Esta<strong>do</strong> da Segurança<br />

Social, pelo Decreto-lei nº 203/74, <strong>de</strong> 15 <strong>de</strong> Maio. Assim, a Comissão ficava<br />

numa situação <strong>em</strong> que era presidida pela mesma pessoa que a tutelava, ou seja<br />

a Secretária <strong>de</strong> Esta<strong>do</strong> da Segurança Social.<br />

Mas a situação da Comissão continuava, porém, marcada <strong>de</strong> ambiguida<strong>de</strong>s<br />

e incertezas. Era esse, <strong>de</strong> resto, o sentimento das técnicas que a integravam,<br />

<strong>de</strong>stacan<strong>do</strong> a subsistência da Comissão numa nova estrutura governativa.<br />

Numa audiência com a Secretária <strong>de</strong> Esta<strong>do</strong> manifestava-se preocupação com<br />

a situação da presi<strong>de</strong>nte, perguntan<strong>do</strong>-se se existia uma presi<strong>de</strong>nte ou uma<br />

Comissão Directiva, e com a situação <strong>do</strong> pessoal e <strong>do</strong>s m<strong>em</strong>bros.<br />

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