16.04.2013 Views

"O CÉU PODE ESPERAR" Vera Lúcia M. de Carvalho Sinopse ...

"O CÉU PODE ESPERAR" Vera Lúcia M. de Carvalho Sinopse ...

"O CÉU PODE ESPERAR" Vera Lúcia M. de Carvalho Sinopse ...

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

forma <strong>de</strong> morrer!<br />

E, com certeza, morrerei! Se muitos que não querem morrem nesses aci<strong>de</strong>nte<br />

s, eu, que quero, morrerei - e como herói. Salvarei pessoas que querem vi<br />

ver. É isso! Vou<br />

para lá!<br />

Pedro pegou dinheiro para a condução, fechou a casa e foi para o ponto d<br />

e ônibus. Mas para chegar ao bairro distante, teve <strong>de</strong> pegar duas conduções,<br />

e a chuva<br />

começou forte. Quando chegou ao bairro, já estava escuro e teve <strong>de</strong> andar u<br />

ns <strong>de</strong>z minutos para chegar ao local, às casas ameaçadas.<br />

Viu muitas pessoas tristes e com medo <strong>de</strong>scendo o morro, carregando objeto<br />

s - alguns móveis e roupas. Tinham poucas coisas, mas era tudo para eles.<br />

Pedro subiu e muita água barrenta já escorria pela escada. Ajudou uma sen<br />

hora idosa a <strong>de</strong>scer, <strong>de</strong>ixou-a na rua estreita. Subiu <strong>de</strong> novo.<br />

- O senhor não <strong>de</strong>ve subir, está perigoso! - aconselhou um homem que <strong>de</strong>scia<br />

. Pedro sorriu em resposta e continuou. Na área <strong>de</strong> risco mesmo, foi <strong>de</strong> cas<br />

a em casa, ou<br />

melhor, <strong>de</strong> barraco em barraco.<br />

- Tem alguém aí? Precisa <strong>de</strong> ajuda? - gritava.<br />

Não obtendo resposta, ia para outra. A chuva estava muito grossa, e a água<br />

que <strong>de</strong>scia aumentara. Pulou com agilida<strong>de</strong> a escada que agora parecia um r<br />

io com correnteza<br />

forte. Ao perguntar <strong>de</strong> novo, ouviu:<br />

- Socorro! Me ajuda! - gritos <strong>de</strong> uma mulher.<br />

Forçou a porta e entrou no barraco. Viu uma mulher com duas crianças.<br />

- Senhor, por Deus, me aju<strong>de</strong>! - a mulher falava <strong>de</strong>pressa. - Estou com o pé<br />

quebrado. Tenho duas crianças comigo. Meus filhinhos! Achei que não ia pr<br />

ecisar sair do<br />

barraco, mas parece que ele vai <strong>de</strong>sabar. Meu nenê tem somente treze dias.<br />

Pedro pensou rápido. Pegou um lençol, amarrou ao seu peito, colocou a<br />

criança <strong>de</strong> três anos nas suas costas e o nenê no peito; passou o braço esq<br />

uerdo na cintura da mulher e saíram do barraco. Não podiam mais usar a esc<br />

ada, ninguém<br />

podia usá-la, a correnteza jogaria longe quem ousasse passar por ali.<br />

Estava muito escuro, pois as luzes escassas dos postes tinham se apagado.<br />

- Por on<strong>de</strong> po<strong>de</strong>mos <strong>de</strong>scer? - perguntou Pedro à mulher.<br />

- Por aqui, apontou ela para a esquerda. Acho que conseguiremos.<br />

Pedro arrastava a mulher. As crianças choravam. Afastaram-se uns quare<br />

nta metros e o barraco em que estavam; <strong>de</strong>sabou com mais três.<br />

- Aqui talvez seja mais seguro! - disse a jovem mãe.<br />

Pedro viu que não. A mulher queria ficar embaixo <strong>de</strong> uma gran<strong>de</strong> pedra.<br />

"Se essa pedra rolar, nos mata. Eu quero morrer, mas eles não. Vou tentar s

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!