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"O CÉU PODE ESPERAR" Vera Lúcia M. de Carvalho Sinopse ...

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á-lo. Logo trouxeram outra canoa e Pedro foi com outros dois homens até<br />

a que Alexandre<br />

usara. Estava vazia. Havia somente um bilhete, um pedaço <strong>de</strong> papel, emba<br />

ixo <strong>de</strong> uma pedra pequena. Um dos homens leu-o em voz alta:<br />

"Papai, mamãe, Pedro, me perdoem. Cumpro meu juramento."<br />

Não assinou, mas a letra era <strong>de</strong> Alexandre.<br />

Pedro <strong>de</strong>sesperou-se e inconformado chorava alto. Homens mergulharam e e<br />

ncontraram Alexandre no fundo do lago amarrado pelos pés a uma gran<strong>de</strong> p<br />

edra. Vieram me avisar.<br />

"Alexandre sabia nadar e preferiu amarrar a pedra para ter certeza <strong>de</strong> que <strong>de</strong> f<br />

ato afundaria", expressei, triste."<br />

Mesmo <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> tantos anos terem se passado, aquelas lembranças me entr<br />

isteciam. Recordações marcantes são assim mesmo: levam-nos a sorrir e às<br />

vezes nos entristecemos<br />

tanto que choramos.<br />

E, como sempre em situações assim, os familiares se culpam, Pedro o fez ai<br />

nda mais. Estava encarregado <strong>de</strong> vigiá-lo e <strong>de</strong>scuidou-se.<br />

"Nós não o culpamos", dissemos-lhe muitas vezes.<br />

Pedro amou <strong>de</strong>mais Alexandre e ele o enganou. Sofremos muito.<br />

Três dias antes do casamento <strong>de</strong> Margarida, ela sumiu. Ninguém sabia <strong>de</strong>la<br />

, vasculharam o lago, não acharam o corpo. Todos acharam que a moça havi<br />

a se suicidado cumprindo<br />

a impru<strong>de</strong>nte jura <strong>de</strong> amor.<br />

Famílias enlutadas, sofridas, o pai <strong>de</strong>la arrepen<strong>de</strong>u-se, chegou até a me pe<br />

dir perdão. Eu, naquela época, disse que não o perdoava. Mas o tempo passo<br />

u e voltamos<br />

a conversar e o perdoamos. Afinal, sofremos muito.<br />

Pedro se abateu <strong>de</strong>mais. Tomou-se quieto, triste, trabalhava muito e alime<br />

ntava-se pouco. Dizia sempre: " Alexandre morreu pelo meu <strong>de</strong>scuido! Sou c<br />

ulpado! Devo ainda<br />

cuidar <strong>de</strong>le!"<br />

Pedro ficou doente. Pela região, muitas pessoas estavam enfermas, uma febr<br />

e alta era a causadora <strong>de</strong> algumas mortes. Cui<strong>de</strong>i dos doentes do meu sítio<br />

e <strong>de</strong> Pedro com<br />

todo o carinho. Sentindo que ia morrer, Pedro pediu-me: "Sinhô acho que v<br />

ou morrer. Cui<strong>de</strong> do meu filho, por favor. Vou cuidar do seu. Dizem que qu<br />

em se suicida vai<br />

para o inferno. Morro e vou para lá e cuido <strong>de</strong> Alexandre. Vou fazer meu serv<br />

iço direito, <strong>de</strong>sta vez não falharei. Cuidarei <strong>de</strong>le, prometo!"<br />

Vou criar seu filho como se fosse meu. Morra em paz!", prometi, emocionad<br />

o.<br />

Pedro <strong>de</strong>sencarnou, e cui<strong>de</strong>i do seu filho, que cresceu forte e tornou-se u

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