16.04.2013 Views

"O CÉU PODE ESPERAR" Vera Lúcia M. de Carvalho Sinopse ...

"O CÉU PODE ESPERAR" Vera Lúcia M. de Carvalho Sinopse ...

"O CÉU PODE ESPERAR" Vera Lúcia M. de Carvalho Sinopse ...

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

morrer. Pecado é se matar. Sonhei <strong>de</strong> novo que me matei e que por isso es<br />

tou morrendo assim.<br />

Não quero, paizinho, que o senhor se mate. Vou ser feliz quando morrer. Vo<br />

u sim!<br />

- Você vai ser feliz, meu filho!<br />

Alexandre, <strong>de</strong>pois do medicamento, dormiu. Seu corpo parecia agitado; sua<br />

respiração, ofegante, mas seu semblante estava tranqüilo. Pedro ficou ali,<br />

<strong>de</strong> pé ao lado<br />

do leito olhando para o filho. Ele já tinha falado muitas vezes <strong>de</strong>sse estra<br />

nho sonho. Ninguém compreendia. Alexandre sonhava que era sadio, forte e se<br />

suicidava.<br />

Morria afogado. E sempre que contava o sonho, dizia que estava doente por<br />

esse motivo.<br />

"Mas como?", pensou Pedro. "Como Alexandre se matou, se era um menino<br />

doente e lutava para viver? Teria isso ocorrido em outra vida? Será mes<br />

mo que vivemos outras<br />

vezes em outros corpos na Terra? Esses sonhos são muito estranhos!"<br />

No horário <strong>de</strong> visita, Mônica e Aline chegaram e o abraçaram.<br />

- Não sabíamos que tinham transferido o Alê - disse Mônica.<br />

- Fomos ao outro quarto, os garotos nos contaram e pediram para lhe dar u<br />

m recado: para que você passe <strong>de</strong>pois lá para cantar com eles. Uma enferme<br />

ira explicou-nos<br />

o porquê <strong>de</strong> ele vir para cá e nos mostrou o quarto.<br />

Mônica beijou o filho na testa e enxugou o rosto. Lágrimas corriam abundan<br />

tes.<br />

"Ela consegue chorar, tem a bênção <strong>de</strong>sse alívio, eu não consigo chorar",<br />

pensou Pedro.<br />

- Papai, trouxe-lhe este sanduíche. Coma por favor! - pediu Aline.<br />

A filha o fez sentar e comer.<br />

- Vamos ficar aqui com Alê. Vá ao quarto dos garotos, eles o estão esperando<br />

- disse Aline.<br />

Pedro foi. Muitos dos garotos estavam recebendo visitas; conversou com<br />

aqueles que estavam sozinhos, tentando transparecer uma alegria que não se<br />

ntia e, como<br />

sempre fazia, viu <strong>de</strong>senhos, brincou e até cantou junto com os meninos para<br />

as visitas escutarem.<br />

Voltou para perto do filho quando o horário <strong>de</strong> visitas acabou, para que e<br />

le não ficasse sozinho, pois Mônica e Aline tiveram <strong>de</strong> ir embora.<br />

O outro leito foi ocupado por um jovem. Conversou com ele, tinha quinze<br />

anos, a família morava longe e ele estava ali para um tratamento melhor.<br />

Pedro segurou sua mão enquanto era medicado. Também foi sedado, pois<br />

estava com muitas dores e em estado terminal.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!