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ANDRADE, Carlos Drummond - A Rosa do Povo.pdf - Colégio Dom ...

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Mas tomo o carro. Indico o lugar<br />

onde algo espera. O campo. Refletores<br />

Passo entre mármores, vidro, aço croma<strong>do</strong>.<br />

Subo uma escada. Curvo-me. Penetro<br />

no interior da morte.<br />

A morte dispôs poltronas para o conforto<br />

da espera. Aqui se encontram<br />

os que vão morrer e não sabem.<br />

Jornais, café, chicletes, algodão para o ouvi<strong>do</strong>,<br />

pequenos serviços cercam de delicadeza<br />

nossos corpos amarra<strong>do</strong>s.<br />

Vamos morrer, já não é apenas<br />

meu fim particular e limita<strong>do</strong>,<br />

somos vinte a ser destruí<strong>do</strong>s.<br />

morreremos vinte,<br />

vinte nos espatifaremos, é agora.<br />

Ou quase. Primeiro a morte particular,<br />

restrita, silenciosa, <strong>do</strong> indivíduo.<br />

Morro secretamente e sem <strong>do</strong>r,<br />

para viver apenas como pedaço de vinte,<br />

e me incorporo to<strong>do</strong>s os pedaços<br />

<strong>do</strong>s que igualmente vão perecen<strong>do</strong> cala<strong>do</strong>s.<br />

Somos um em vinte, ramalhete<br />

de sopros robustos prestes a desfazer-se.<br />

E pairamos,<br />

frigidamente pairamos sobre os negócios<br />

e os amores da região.<br />

Ruas de brinque<strong>do</strong> se desmancham,<br />

luzes abafam; apenas<br />

colchão de nuvens, morros se dissolvem,<br />

apenas

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